Uma ópera, um centro de congressos internacional, uma cidade aeroportuária, duas novas travessias, cerca de 25 mil novas casas e 200 mil postos de trabalho. Isto são apenas alguns exemplos daquilo do plano urbanístico e de infraestruturas previsto para os próximos anos na Área Metropolitana de Lisboa.
O Governo apresentou esta sexta-feira, 28 de março, o projeto Parque Cidades do Tejo, que vai abranger os municípios de Lisboa, Loures, Oeiras, Almada, Barreiro, Seixal, Montijo e Benavente. Na sessão, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, revelou os planos aos 18 autarcas da Área Metropolitana de Lisboa e ao presidente da Câmara de Benavente, no distrito de Santarém.
Com uma área de intervenção urbanística e de infraestruturas de 4.500 hectares, o projeto de regeneração urbana será 55 vezes maior do que a Parque Expo, segundo o Ministério das Infraestruturas e Habitação.
Este sublinha que o objetivo é “transformar o arco ribeirinho numa grande metrópole em que o rio funciona como elo de ligação dos territórios em vez de os separar”. Estão previstas duas novas travessias do Tejo: a terceira travessia rodoviária, entre Chelas e Barreiro, e o túnel Algés-Trafaria.
Considerado um “dos maiores projetos do nosso tempo”, o Parque Cidades do Tejo prevê a construção de mais de 25 mil habitações, bem como intervenções em quatro eixos: Arco Ribeirinho Sul (Almada, Seixal e Barreiro), Ocean Campus (Oeiras e Lisboa), Aeroporto Humberto Delgado (Lisboa e Loures) e Cidade Aeroportuária (Benavente e Montijo.
“Nos quatro eixos requalificam-se e regeneram-se territórios, fomentam-se cidades em rede e promove-se a economia circular, a habitação, o emprego e o aumento dos transportes públicos através do reforço das infraestruturas. Dá-se uso, vida e futuro a terrenos públicos nas margens do Tejo que há muitos anos estão totalmente desaproveitadas”, lê-se no comunicado.
No que diz respeito à Margem Sul, ou ao Arco Ribeirinho Sul, está prevista uma intervenção em 519 hectares, em 15 quilómetros de frente de rio. Com o objetivo de “aproveitar todas as potencialidades da Margem Sul, sem estimas e sem preconceitos”, deverão nascer oito mil novas habitações e serão criados 94 mil empregos.
Em Almada, o projeto será desenvolvido nos ex-estaleiros da Lisnave, incluindo não só habitação, como comércio e outros serviços que irão preservar a “memória industrial naval”. Serão também construídos novos equipamentos culturais, com destaque para a Ópera do Tejo, com vista para o rio.
Já no Barreiro, na zona da Quimiparque, será construído um novo centro de congressos internacional, enquanto que a zona da Siderurgia Nacional, no Seixal, vai ser destinada ao setor terciário, a um “parque empresarial ecológico” e a atividades de recreio e lazer.
No eixo Ocean Campus, entre Oeiras e Lisboa, o plano prevê uma área de intervenção de 90 hectares, onde serão criados um parque urbano, espaço para grandes eventos e um cluster de inovação, investigação e desenvolvimento. No eixo Aeroporto Humberto Delgado, que contempla 400 hectares, estima-se a construção de mais 9.800 habitações.
Entre Benavente e Montijo, nascerá então uma “nova cidade aeroportuária”, numa área de intervenção de mais de três mil hectares. O plano para esta zona prevê ainda uma ligação direta de alta velocidade e das principais rodovias para norte e sul, bem como áreas dedicadas à ciência e indústria náutica.
O projeto prevê também a expansão das redes de transportes públicos, nomeadamente do Metropolitano de Lisboa, do Metro Sul do Tejo e da Transtejo/Soflusa, assim como a criação do LIOS-Linha Intermodal Sustentável (Oeiras ‒ Lisboa ‒ Loures) e do SATUO (Sistema Automático de Transporte Urbano de Oeiras), que ligará este município a Sintra.
Para o desenvolvimento do projeto vai ser criada a Sociedade Parques Cidade do Tejo, S.A, uma empresa detida a 100 por cento pelo Estado e que terá uma verba inicial de 26,5 milhões de euros.