Quando as paredes em branco se transformam em telas, toda a cidade se torna numa galeria a céu aberto. A street art é, cada vez mais, uma área respeitada, que exige talento e dedicação, e que de forma singular dá vida aos espaços urbanos e os torna únicos. Muitas vezes são até os próprios municípios a investir neste tipo de arte e Oeiras é exemplo disso.
Se há coisa que não falta no concelho são murais de arte urbana a colorir paredes, edifícios, túneis, viadutos e outros espaços, feitos por talentosos street artists que, quase sempre, pintam temas relacionados com a zona em questão. Por isso, é normal ver muitos dos murais feitos em Oeiras com desenhos inspirados no mar e na vida marítima.
Esse é um dos temas explorados num dos mais recentes murais nascidos no concelho (onde o azul é o tom predominante), mas não o único. Na verdade, esta nova obra de arte, pintada numa parede do Jardim Municipal de Oeiras, virada para a Avenida Marginal (perto do túnel subterrâneo) reúne vários símbolos representativos de Oeiras.
São eles o Farol do Bugio, o Templo da Poesia, o Palácio do Marquês de Pombal, o parque empresarial e científico Taguspark, a escultura “O Mergulho da Baleia”, o vinho de Carcavelos “Villa Oeiras”, o géiser de Paço de Arcos e um barco à vela, representado a ligação do concelho ao mar e ao rio Tejo.
Este é apenas o primeiro de cinco murais que vão surgir por todo o concelho, um por cada uma das cinco freguesias/união de freguesias, sob o tema “Amamos Oeiras”. Este, que corresponde à União de Freguesias de Oeiras, Paço de Arcos e Caxias, foi inaugurado esta quinta-feira, 16 de fevereiro, a propósito da “Semana dos Afetos“, promovida pela Câmara Municipal de Oeiras, e contou com a presença da vereadora Teresa Bacelar.
Seguiu-se o de Queijas, depois será Barcarena, Porto Salvo e Cruz Quebrada/Dafundo. Todos eles têm símbolos do concelho, destacando sempre um elemento característico da freguesia onde se localiza, como é o caso do géiser, em Paço de Arcos.
Todos eles têm autoria de Youthone, nome artístico de Adalberto Brito, que, segundo o próprio, significa “morrer velho o mais novo possível”. O famoso street artist tem já uma longa história na pintura de murais no concelho de Oeiras. Começou, aliás, a pintar graffitis aqui ao lado, em Carcavelos, no final dos anos 80. Com mais de três décadas de trabalho dedicado à arte urbana, Youthone é hoje conhecido, no meio, como um dos grandes impulsionadores da pintura de graffiti e street art em Portugal. Estudou na faculdade de Belas Artes, em Lisboa e continua a viver exclusivamente desta arte.
“Faço parte do núcleo de artistas vanguardistas desta expressão artística em Portugal, que mais tarde deu origem à chamada street art nacional. Fiz parte dos primeiros concursos a nível nacional, promovidos pelo município de Oeiras (o primeiro a promover esta arte) e ganhei a terceira edição, em 1998”, conta Youthone à New in Oeiras.
Sobre este trabalho, em particular, o artista conta-nos como surgiu a ideia. “Através do convite e algumas orientações, criei o projeto e apresentei a minha proposta. Tinha como base central o coração, ligado aos afetos, e dentro dele elementos que representassem o munícipio, como figuras ou edificações. O enquadramento foi difícil no início, mas a articulação com a Câmara foi excelente e em equipa facilitou a criação do primeiro esboço. Lembrei-me de apresentar como elemento de destaque pelo menos um símbolo de cada freguesia. Chegámos a um entendimento gráfico, a ideia foi aceite e incluída nos cinco projetos, um para cada freguesia”.
É também ele o responsável por um dos murais inaugurados no passado mês de agosto em homenagem aos faroleiros de Paço de Arcos. Pode segui-lo na página de Instagram ou Facebook para acompanhar os incríveis trabalhos que faz, ou então ir até aos locais onde estão trabalhos da sua autoria. Pode começar precisamente por este mural em Paço de Arcos e visitar, depois, os das outras freguesias à medida que forem sendo feitos.
A realização destas pinturas vem reforçar e dar continuidade ao investimento do município em arte urbana, que tem vindo a ganhar relevo nos últimos anos, dando uma nova vida e uma imagem mais apelativa a edifícios e espaços do município.
