Antes de chegar à praia de Paço de Arcos, a New in Oeiras deu a notícia do projeto piloto que está a ser desenvolvido no concelho. Trata-se de uma cabine de desinfeção, que em poucos segundos promete higienizar pessoas e roupa de forma segura.
Esta cabine estreou-se no dia 10 de junho, a abertura da época balnear, na Praia de Paço de Arcos. Mas vai andar pelo concelho para que mais pessoas a possam experimentar.
O conceito causou alguma estranheza a algumas pessoas, no entanto a realidade é que esta Cabine High Tech pretende ser um auxiliar poderoso no combate contra a pandemia Covid-19.
E, afinal, como é que esta cabine funciona? Para responder a esta pergunta, a New in Oeiras contactou Teresa Castro Monteiro que é especialista em Medicina Interna; professora auxiliar de Farmacologia da Nova Medical School, e está ligada a este projeto desde o primeiro dia.
“O procedimento é totalmente automatizado. A cabine deteta a entrada de uma pessoa e inicia a desinfeção, que dura cinco segundos. No final do processo, é indicado que a pessoa pode sair. As indicações são dadas com sinais luminosos”, começa por explicar a professora.
No entanto, é preciso esclarecer como é que a desifeção é feita. Que tipo de produto é utilizado? É completamente seguro para a saúde?
“Fui colocada perante um desafio muito particular. A substância tem que, em simultâneo, neutralizar o vírus e ser inócua quando pulverizada no ser humano. De acordo com a minha pesquisa, os produtos utilizados no mercado, em Portugal e no estrangeiro, são produtos concebidos para a limpeza de superfícies, o que acaba por ser uma irresponsabilidade usá-los no humano” revela a especialista Teresa Castro Monteiro.
No entanto, a pesquisa deu resultados positivos. “A substância ativa, à base de iodo, foi encontrada após a revisão de muita literatura científica. Esta substância tem propriedades biocidas e encontra-se aprovada pela OMS como antivírica para a Covid-19. Desde há muito tempo, o iodo tem sido amplamente utilizado como tópico cutâneo ativo no tratamento de doenças inflamatórias, imunológicas e infeciosas. É inclusivamente injetada no corpo humano como produto de contraste em exames de imagiologia. Por isso, a escolha foi óbvia. Mas este é um processo contínuo. Continuamos à procura de substâncias que possam ser mais eficazes, mais eficientes e de custo mais reduzido”.
A pulverização de apenas cinco segundos, com um líquido que não tem qualquer cheiro, garante a neutralização do vírus presente em toda as partes expostas como a pele, o cabelo, o vestuário e o calçado. Assim, em ambiente controlado sem influência de agentes externos, o produto é 100 por cento eficaz.
“Oeiras é o concelho português onde estão sediadas as mais emblemáticas empresas tecnológicas a operar no País. É muito significativo a Câmara, que apostou muito em dar resposta à crise da Covid-19, nos tivesse escolhido para dar resposta à necessidade de proteger espaços utilizados por um elevado número de pessoas. Além das praias, a cabine vai estar disponível noutros espaços com grande afluência de pessoas e onde seja importante minimizar o risco de contaminação como o Mercado Municipal de Algés”, revela Teresa Castro Monteiro.
Esta cabine pretende ser mais um instrumento de combate à Covid-19 e já é utilizada em vários países. Pretende-se que este projeto piloto em Oeiras dê frutos e alargue a sua área de atuação.
“A Cabine High Tech de Desinfeção Total é um instrumento de mitigação do risco de transmissão do vírus Covid-19, nomeadamente ao prevenir que alguém, inadvertidamente, possa contaminar espaços comuns com as zonas descobertas da pele, cabelo, vestuário e calçado. A cabine pode ser utilizada em escolas, escritórios, hospitais, aeroportos, estádios, etc. Esta é mais uma medida para manter estes locais seguros complementando com outras medidas de redução de risco, tais como o uso de máscara e o distanciamento social”.
