Durante o verão, a pele enfrenta diversas agressões, que, por vezes, não são tratadas devidamente. É também a época do ano onde de regista um aumento das consultas dermatológicas, especialmente para tratar problemas como manchas cutâneas.
Segundo o dermatologista Pedro Vilas Boas, do Hospital da Luz, a exposição solar, o cloro das piscinas e o sal da água do mar são fatores que agravam a saúde da pele. “Como usamos menos roupa, ficamos pouco protegidos”, reforça.
A situação tende a agravar-se, acrescenta, porque muitas pessoas costumam adiar o tratamento de pequenos problemas cutâneos nos meses quentes, o que pode resultar em complicações de condições que seriam facilmente resolvidas.
“De junho a setembro há um aumento no diagnóstico de tumores de pele porque o corpo está mais exposto e há a tendência para os amigos e família repararem em detalhes que nós próprios não vemos, como sinais alterados”, explica.
Os sinais de alerta para a possibilidade de melanoma (um tipo de cancro com origem nos melanócitos, as células responsáveis pela produção de pigmento), incluem alterações em sinais pré-existentes, como aumento de tamanho, mudança de formato ou a aparição de novas colorações. É vital consultar um médico caso essas alterações sejam observadas.
“Esse é o primeiro alerta, mas as pessoas devem estar conscientes que os escaldões também têm alguma responsabilidade no aparecimento de doença cancerígena. Está provado que, quem sofre uma queimadura solar em idades precoces de vida tem um risco mais elevado de sofrer de melanoma mais tarde”, alerta.
Outra das consequências mais comuns da exposição solar é o aparecimento de manchas escuras na pele, predominantemente em áreas como o rosto (incluindo bochechas, testa, nariz e lábio superior). As manchas, geralmente acastanhadas, podem variar em tamanho e forma e surgem devido a uma produção excessiva de melanina, o pigmento responsável pela coloração da pele — esta condição dermatológica, o melasma, é um dos problemas cutâneos mais comuns após o verão.
Afinal, o que causa o melasma?
É frequentemente desencadeado por uma combinação de fatores, incluindo predisposição genética, exposição solar intensa, alterações hormonais (como aquelas que ocorrem durante a gravidez ou com o uso de contracetivos hormonais), e procedimentos estéticos agressivos.
“Geralmente existe uma predisposição genética para tal, que pode ser espoletada devido a vários motivos. Alguns até podem ser menos evidentes, como uma viagem próxima à linha do Equador, onde os níveis de radiação são superiores. Estar muitas horas em frente ao ecrã do computador também é um fator que pode influenciar”, aponta.
As mulheres são as que mais sofrem com este problema, pois níveis elevados de estrogénio favorecem a formação de manchas. Costumam aparecer após a exposição solar e são, em geral, assintomáticas, manifestando-se apenas como áreas mais escuras da pele.
“Não costumam evoluir para nada mais grave e, por vezes, desaparecem completamente decorridos alguns dias. Se persistirem durante mais tempo, convém consultar um dermatologista para poder começar o tratamento e reduzir a sua aparência.”
Este tratamento procura estabilizar as células produtoras de pigmento recorrendo a uma combinação de substâncias, complementada pela proteção solar diária para favorecer o clareamento das manchas.
Se os resultados não forem satisfatórios ao longo dos meses, pode-se recorrer a uma segunda fase de tratamento com peelings ou lasers específicos, embora o especialista ressalte a necessidade de precaução: “devem ser usados com muito cuidado porque podem agravar o problema”.
Pedro Vilas Boas destaca que o tempo necessário para o desaparecimento total das manchas varia significativamente de mulher para mulher, podendo estender-se por vários anos, dependendo do tipo de pele.
“Tenho pacientes que ficaram sem manchas em poucos meses e outras passam por um ciclo de redução, seguido do recrudescimento do pigmento. Em casos mais complicados, o processo de resolução pode levar até oito anos.”
Para prevenir a formação de marcas permanentes, é fundamental seguir algumas recomendações do dermatologista, indicadas para manter uma pele saudável: evitar a exposição solar nos horários de maior radiação, aplicar sempre protetor solar — em creme e com vestuário com tecnologia protetora —, usar gel de banho neutro e sem fragrâncias agressivas e hidratar a pele com creme, pelo menos uma vez por dia.