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Marta Crawford: “Há muitas mulheres que têm orgasmos e não sabem”

E outras tantas têm dificuldade em chegar ao clímax durante o ato sexual. Um dos motivos? Não exploram o próprio corpo.
Marta Crawford. Foto: Jenniffer Lima Pais

“Tive o meu primeiro orgasmo durante uma relação sexual aos 38 anos”, afirmou a atriz Rachel Bilson, atualmente com 41 anos. A revelação foi feita no seu podcast “Broad Ideas”, a 13 de março — e desencadeou uma avalanche de reações nas redes sociais. Muitos mostraram-se perplexos com o desabafo da norte-americana. Porém, trata-se de uma realidade partilhada por muitas outras mulheres.

Enquanto conversava com a também atriz Whitney Cummings, a protagonista de “The O.C.” avisou que ia dizer algo inesperado. “Até ter deixado de tomar contraceptivos orais, nunca tive um orgasmo através da penetração. Mas podia fazê-lo com as mãos”, disse. A convidada não se mostrou surpreendida e acrescentou que teve uma experiência semelhante.

A psicóloga e sexóloga Marta Crawford explicou à NiT que existem muitos casos semelhantes aos relatados pelas atrizes. Aliás, são até relativamente comuns. “Há muitas mulheres que nunca tiveram um orgasmo, ou que não sabem identificá-lo”, clarificou. A segunda situação é, segundo a especialista, a mais comum e a culpa pode ser atribuída, em grande parte, à ficção. “O que vemos muitas vezes nas novelas e filmes é uma reação mais audível e física, em que a personagem acaba por gritar quando atinge o clímax”, descreve Marta, acrescentando que, na realidade. nem sempre é assim.

Um orgasmo é o pico da excitação sexual. Trata-se de uma reação natural e acontece quando os músculos que foram contraídos durante a excitação relaxam, explica a especialista. “O clímax é uma fase do ciclo de resposta sexual onde acontece uma descarga de tensão – e um prazer muito característico acompanha essa descarga”, refere.

Esta reação pode manifestar-se diferentes formas. “A alteração do cardíaco e respiratório, a ruborização e os espasmos são apenas algumas. Depois, cada pessoa pode experimentar diferentes perceções, umas mais intensas que outras. O leque de sensações pode ser tão vasto que muitas mulheres não conseguem associar aquilo que sentem a um orgasmo”, realça a sexóloga.

Despertas e preocupadas para o assunto, muitas portuguesas procuram ajuda junto de Marta Crawford, mas assim que começam a descrever as sensações, a sexóloga explica-lhes que podem efetivamente ter tido um orgasmo, simplesmente a reação do corpo foi menos efusiva do que pensavam que seria. Em parte, porque comparam o que sentem com as reações que se habituaram a ver nos filmes.

Por outro lado, há também existem mulheres que não conseguem efetivamente atingir o clímax. E há vários fatores que podem ter impacto nessa reação. “Um dos mais comuns é o facto de não explorarem, nem conhecerem o próprio corpo”, diz. E isto acontece, segundo a especialista, pelos diversos fatores que influenciam a a forma como se vive a sexualidade, tais como a educação, preconceitos associados a papéis de género, entre outros. “Existem muitas pessoas que ainda pensam que o sexo é apenas um momento para os homens e isto acaba por influenciar a vida sexual de muitas portuguesas.”

Como atingir o orgasmo

Marta Crawford explica à NiT que o processo começa sempre na mulher e na forma com explora o seu corpo e o seu próprio prazer. “Num dos casos que segui, a jovem não conseguia atingir o clímax e acreditava que o sexo era apenas aquilo, um momento de intimidade com o parceiro. Quando começou a fazer terapia sexual conseguiu encontrar uma forma de masturbação com a qual encontrava prazer. A partir daí passou a conseguiu chegar ao clímax, não só sozinha, como com o parceiro.”

Tal como existem várias formas de manifestação de um orgasmo, a forma para chegar lá também pode variar de pessoa para pessoa. Há quem goste de sentir pressão na zona pélvica, outras preferem a estimulação de pontos específicos, entre outras coisas. “Aquilo que pode estar a impedir a mulher de chegar ao clímax é simplesmente a capacidade de se deixar ir, ou seja, na maioria das vezes é um problema emocional e não fisiológico”, acrescenta.

Além de explorar o seu corpo e descobrir o que a estimula, é importante estar predisposta ao ato sexual, concentrada no momento e confiante em si e na relação. “Os complexos, o medo, os problemas do dia a dia, o stress, mas também a ideia de ter de viver o momento perfeito podem ser impeditivos de conseguir experimentar esta sensação.”

Um dos conselhos da sexóloga é para que as mulheres se toquem, de forma a descobrirem o que gostam. “Depois é só deixar-se ir e permitir-se a viver o prazer, de forma liberta.” Se ainda assim não conseguir, o melhor será procurar ajuda de um profissional da área.

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