O polvo não é de cerimónias. Entra na casa dos portugueses em qualquer altura do ano, em pratos mais requintados ou opções mais simples. Seja qual for o motivo, é normalmente bem recebido. Isto justifica-se não só pelo seu agradável sabor, mas também por ser uma alternativa muito apreciada aos “peixes com espinhas” — como os miúdos dizem — e também pela sua versatilidade. Mas não se fica por aqui. Este molusco tem inúmeros benefícios para a saúde.
Primo das lulas e do choco, possui algumas propriedades nutricionais semelhantes aos peixes, mas com um sabor e textura totalmente diferentes. Dentro do que o que os aproxima destaca-se o facto de serem alimentos pouco calóricos e uma ótima fonte de proteína. Porém, existem outras vantagens no seu consumo, em que o polvo se destaca, como explica a nutricionista Catarina Cachão Bragadeste à NiT.
“É uma das melhores fontes alimentares naturais de taurina, um aminoácido frequentemente encontrado em bebidas energéticas, por ser energizante e antioxidante”. Além disso é quase isento de gordura: “tem apenas 1,3 gramas de gordura por 100 gramas, a maioria do tipo ómega-3, o que faz dele um dos animais mais magros que podemos comer”, sublinha a também autora do blogue “Diário de uma Dietista”.
Destaca-se ainda por ser uma boa fonte de vitaminas do complexo B, em especial ácido fólico e B12 e conter minerais importantes como cálcio, ferro, fósforo, potássio, magnésio, zinco, cobre e selénio. Estes nutrientes ajudam a promover a saúde cardiovascular e a estimular o bom humor, reduzindo também os sintomas depressivos. Têm também propriedades anti-inflamatórias, “o que reduz o risco de doença crónica, autoimune e degenerativa”, garante a especialista me nutrição. E acrescenta: “o polvo tem ainda propriedades anticancerígenas, devido à conjugação de taurina, com selénio, cobre e vitaminas B9 e B12 e é amigo do cérebro e da função cognitiva”.
Apesar de ser um alimento com inúmeros benefícios para a saúde, tenha atenção. “Os principais riscos relacionados com o seu consumo são as alergias, o consumo de colesterol e de sódio, pelo que se recomenda a ingestão de polvo no máximo três vezes por semana, sem qualquer adição de sal na confeção e, de preferência, com uma pré-cozedura em água para que se reduza a sua salinidade natural”.
Este molusco faz parte da gastronomia tradicional portuguesa, seja seco ao sol, frito, cozido, assado, panado ou grelhado. No Natal é protagonistas em muitas consoadas, seja como aperitivo ou prato principal. Porém, não tem de esperar por essa época do ano para comer uns saborosos tentáculos deste molusco.
O polvo à lagareiro, por exemplo, é uma das formas como os portugueses mais gostam de o comer. Regado com azeite, temperado com alho e acompanhado de batatas à murro, não há quem lhe resista. Saiba como o preparar.
Do que precisa
— 1 polvo
— 1 cebola
— azeite q.b.
— sal q.b.
— pimenta q.b.
— 1 folha de louro q.b.
— 1 quilo de batatas pequenas para assar
— 6 dentes de alho q.b.
— salsa q.b.
Como se faz
Coza o polvo com água (cerca de 750 ml), a cebola inteira e com casca, a folha de louro, um bom fio de azeite e pimenta. Deixe cozinhar até o polvo estar bem cozido. Se o cozer na panela de pressão, depois de começar a ferver 30 minutos serão suficientes.
Lave as batatas, dê-lhe um golpe e coloque-as num tabuleiro de ir ao forno. Regue com azeite, três alhos picados, sal e leve ao forno a assar. Quando estiverem prontas, acrescente o polvo, regue com azeite e leve ao forno quente durante cerca de 15 a 20 minutos. Polvilhe com salsa picada e sirva quente.
O polvo é uma das proteínas animais mais versáteis que podemos incluir na nossa alimentação. Carregue na galeria para conhecer algumas receitas que a nutricionista Catarina Cachão Bragadeste partilhou com a NiT.