“Estética sem consequência”, “performance sem verdade” ou “imagem sem ideia”. Estas são algumas das críticas apontadas a “Má Influência”, o novo fenómeno do streaming que estreou a 8 de maio, na Netflix. Se, por um lado, escalou os tops do serviço, por outro, é acusada de ser um produto para o TikTok.
Atualmente, o filme realizado por Chloé Wallace está no primeiro lugar da lista de séries mais vistas da plataforma em Portugal e no top 10 em mais de 80 países.
Descrito como um thriller erótico, acompanha Eros (Alberto Olmo), um jovem que passou a infância entre lares de acolhimento e centros de detenção juvenis. É contratado por Bruce (Enrique Arce), um milionário que o encarrega de proteger a filha, Reese (Eléa Rochera), uma bailarina adolescente alvo de perseguições.
O que parecia ser apenas um trabalho, ganha outros contornos. Reese rejeita a ideia ter um guarda-costas, já que considera que é “suicídio social” na escola de elite de frequenta. Mas a relação com Eros vai aumentando à medida que as ameaças, entre elas a relação com o ex-namorado abusivo, Raúl, continuam a surgir.
A narrativa baseia-se num romance homónimo escrito por uma autora anónima, conhecida como teensspirit (ou B A B E), que soma mais de 51 milhões de leituras no Wattpad desde 2017.
Conhecida por séries como “A Perfect Story”, Chloé admite ter sido inspirada pelo trabalho da irmã, Nicole Wallace, conhecida por adaptar vários romances da mesma plataforma . “Tendo a experiência da minha irmã no meu dia a dia, o fenómeno dos fãs já está um pouco entranhado nas nossas vidas”, refere sobre a experiência (e a vontade) de encarar a euforia adolescente.
A fórmula começa pelas cenas íntimas, que exigiram alguma preparação por parte dos protagonistas. “Ensaiámos bastante”, diz Olmo ao site “E.Cartelera”. “Chegámos a um consenso sobre como queríamos fazer as coisas. Com os momentos de intimidade, fomos partilhando os limites que tínhamos.”
A ligação, acrescenta, foi sentida rapidamente pelos dois, logo após as primeiras interações. “Quando a Élea chegou, treinei algumas falas e vi logo que era diferente. Houve uma energia que se criou logo a partir do casting. Foi fácil trabalhar a química”.
Nestes momentos mais íntimos, a atriz, por sua vez, destaca o papel do coordenador de intimidade, que ajudou a que a experiência de gravar as cenas de sexo fosse mais confortável. “Em todos os projetos deve haver um, mesmo para as cenas de beijos, porque alguns beijos são mais intensos do que outros. E ele é uma pessoa que nos ajuda e cuida de nós. Foi muito divertido.”
O objetivo era evitar uma espécie de “voyeurismo gratuito”. “Não há necessidade de mostrar coisas que não contam uma história”, acrescenta.
Apesar destas preocupações, há outras críticas apontadas ao projeto. Mais precisamente o facto de ter sido criada para se encaixar no algoritmo que levou ao sucesso de filmes como “After” ou “Minha Culpa”. Com uma narrativa rápida, previsível e de fácil consumo, tem deu origem a discussões sobre o papel das redes sociais no cinema.
Os críticos chamam-lhe TikTokification, isto porque tem o objetivo de acompanhar o ritmo acelerado das principais plataformas digitais. À semelhança de outros trabalhos do género, eleva a conversas sobre conceitos como “soft porn”, já que uma grande parte da obra, segundo os críticos, se foca no lado erótico.
As críticas mais contundentes referem que a obra não desenvolve personagens, mas sim produtos visuais prontos a circular nas redes. Segundo o site “Bula”, “a toxicidade relacional é revestida de glamour, a desigualdade de idade é romantizada, e o erotismo é diluído em filtros de Instagram.”
O elenco conta ainda com nomes como Sara Aliño, Farid Bechara, Fer Fraga, Mar Isern, Selam Ortega e Clara Chaín. Mirela Balic, uma das estrelas de “Elite”, conhecida por interpretar Chloe, é outro dos grandes nomes da produção.
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