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Lembra-se do antigo quartel dos bombeiros de Paço de Arcos? Agora é um centro cultural

O Auditório José de Castro foi inaugurado esta quinta-feira, 27 de abril. No piso superior vai funcionar uma unidade de saúde mental.
Fica no centro de Paço de Arcos.

Durante 33 anos, entre 1975 e 2008, foi a sede oficial dos Bombeiros Voluntários de Paço de Arcos. O quartel, na Avenida Senhor Jesus dos Navegantes, no centro da vila, foi a quarta morada da corporação mas, com o crescimento da zona, as condições de acesso e funcionamento ditaram a mudança para novas instalações na Rua do Parque Desportivo, na zona norte de Paço de Arcos, em 2008. Apesar disso, o espaço continuou a ser ocupado por alguns serviços, sendo totalmente desativado apenas em 2016.

Sem destino definido durante algum tempo, em 2022 a Câmara Municipal de Oeiras divulgou os planos para aquele espaço: o antigo quartel dos Bombeiros de Paço de Arcos iria dar lugar a um centro cultural e a uma unidade de saúde mental. Depois de vários meses em obras de requalificação, finalmente esta quinta-feira, 27 de abril, foi inaugurado o Centro Cultural José de Castro. No total, a obra teve um investimento municipal de 1,8 milhões de euros.

Com uma localização privilegiada no centro da vila de Paço de Arcos, mesmo ao lado da estação de comboios, está perto de serviços e comércio e, principalmente, da comunidade. Instalado no piso térreo do edifício, encontra-se o Auditório José de Castro, com capacidade para 115 espectadores. A área de 424 metros quadrados, inclui um foyer, palco (amovível), plateia (desmontável), régie em mezanino e ainda três camarins equipados.

A cerimónia de inauguração contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, e também do Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que enalteceu o trabalho do município na área cultural. “Nem todas as autarquias têm o mesmo compromisso com a cultura e por isso não posso deixar de agradecer o que tem feito o Município de Oeiras”, reforçou o ministro.

“É através da cultura que criamos a comunidade. É importante construir espaços comunitários de cultura que são apropriados pela comunidade e que são de proximidade, porque é nesses espaços que nos encontramos uns com os outros, algo de que estivemos privados durante a pandemia e percebemos quanta falta fazem. É uma enorme satisfação saber que Oeiras tem mais oferta cultural e mais um espaço onde nos podemos encontrar”, referiu Pedro Adão e Silva.

Este novo espaço vem, assim, enriquecer o concelho de Oeiras em termos de equipamentos culturais, dando também seguimento às homenagens feitas a artistas que são da terra, que vivem ou viveram nesta zona. O Auditório José de Castro junta-se aos que já existem no concelho dedicados a Ruy de Carvalho, Lourdes Norberto, Eunice Muñoz e Amélia Rey Colaço.

Isaltino Morais destacou a importância do ator José de Castro para o concelho.

“Na realidade, não é apenas um teatro, ou um auditório, ou uma sala de conferências, é tudo isso ao mesmo tempo. Queremos que seja um ponto de encontro da comunidade. É um espaço intimista, mas que permite que tudo possa acontecer aqui”, afirmou Isaltino Morais.

Sobre a nova vida deste espaço que, durante décadas, foi o centro da atividade dos bombeiros, Isaltino Morais disse à New in Oeiras: “Na vida, tudo se transforma”, acrescentando: “Há muitos anos que nós entendemos que a cultura é para todos, temos equipamentos desta natureza em praticamente todas as freguesias. Aliás, das dez antigas freguesias, apenas três ainda não estão equipadas com espaços idênticos a este. Isto traduz a morfologia deste município”. 

Isaltino Morais garante ainda que o auditório “está em Paço de Arcos mas é para o concelho todo. Na cultura, o espaço e o tempo não são limitados. O que gostaríamos é que os diferentes equipamentos culturais do concelho sejam utilizados por toda a comunidade”. 

A inauguração contou ainda com momentos musicais, a cargo do grupo filarmónico Filomúsica Ensemble, seguindo-se o Coro de Santo Amaro de Oeiras. Com sala cheia, o novo auditório abriu ao público para, a partir de agora, receber todo o tipo de eventos como espetáculos musicais, de teatro, de dança, conferências, entre outros. 

Porém, esta não é a única novidade do espaço. No piso superior do edifício, onde antes se situavam as antigas salas administrativas do quartel, irá funcionar uma Unidade de Saúde Mental do CHLO (Centro Hospitalar Lisboa Ocidental), que será inaugurada no final de maio.

Quem foi José de Castro?

Nasceu em 1931, em Paço de Arcos, onde passou toda a sua infância. Desde cedo, demonstrou talento para a representação, e ainda jovem iniciou a carreira no grupo cénico do Clube Desportivo de Paço de Arcos, estreando-se com a peça “A Hipócrita”. Na década de 1950 integrou a companhia residente do Teatro Nacional D. Maria II, participando em quase 30 produções.

Em 1964 é contratado por Ribeirinho, para o Teatro Nacional Popular (Teatro do Povo), percorrendo com regularidade todo o País, passando em seguida para o Teatro Estúdio de Lisboa. Marcou também presença no cinema, com a participação em três filmes.

José de Castro foi galardoado por diversas vezes, entre elas com o Prémio da Crítica, o Prémio Eduardo Brazão, como “melhor intérprete masculino de teatro declamado” e o Prémio da Imprensa. É considerado um dos melhores atores portugueses do século passado.

Faleceu em 1977, com apenas 46 anos. Ainda assim, viveu uma vida marcante, recheada de grandes momentos e trabalhos, que o eternizaram aos olhos do público. Foi homenageado, em 1986, com um conjunto escultórico, da autoria de Joaquim Correia, na Praça 5 de Outubro, em Paço de Arcos, composto por um busto do ator e por uma composição com duas máscaras em bronze, a da tragédia e a da comédia. 

Carregue na galeria para ver algumas imagens da inauguração do Centro Cultural José de Castro.

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