Uma fila de expositores, cada um a representar uma de dez mulheres que aceitaram o desafio de serem fotografadas com as suas condicionantes físicas e problemas de saúde, de forma a contar as suas histórias de vida. Nas imagens, ficamos a conhecer as marcas, as cicatrizes, as doenças e as condicionantes que as acompanham, mas que nem por isso diminuem a sua força. Tudo acompanhado pelas respetivas entrevistas em vídeo.
A exposição “+Mulher” foi apresentada ao público em setembro de 2022, quando se instalou na Fábrica da Pólvora, em Barcarena. Em novembro, mudou-se para o Parque dos Poetas, em Oeiras, e agora passou a fazer parte da paisagem de outro espaço público oeirense. É na Marina de Oeiras que encontra atualmente a mostra, que começou com um projeto social criado pela fotógrafa Dai Moraes, acompanhada pela videógrafa Joana Mouta,
“Estou muito feliz. A previsão era que ficássemos um mês, inicialmente, na Fábrica da Pólvora. Não estava a contar com esses convite para estender a exposição a outros sítios. Já estamos há sete meses na rua, em locais diferentes. Há um ótimo feedback do público, todos os dias marcam imagens da exposição no Instagram. É muito gratificante perceber como as estas histórias tocam as pessoas, como elas se sentem inspiradas. Isto torna o projeto mais forte, para fazer novas edições”, garante Dai à New in Oeiras.
A sua intenção é resgatar a autoestima destas mulheres, que sofreram ou ainda sofrem com problemas de saúde, e fazê-las sentirem-se bonitas e especiais. Desta forma, Dai especializou-se em sessões femininas Boudoir (expressão inspirada na palavra francesa que descreve o recanto privado da mulher), que são normalmente realizadas num ambiente mais íntimo, com um toque de sensualidade, feitas em lingerie e focadas no corpo e nas curvas das mulheres.
Assim, estas dez mulheres, despidas de vergonhas e preconceitos, revelam ao mundo as marcas que fazem delas quem são, símbolos de sobrevivência e resiliência, que representam a sua individualidade, tão bem captadas pela lente da fotógrafa brasileira, e que pretendem inspirar tantas outras mulheres que passam pelo mesmo ou por problemas semelhantes.
“Sempre quis fazer este trabalho de empoderar mulheres. Quero mostrar o melhor de cada uma, mesmo que elas não vejam isso ainda”, afirma Dai Moraes. O projeto teve a sua primeira edição em 2013, no Rio de Janeiro, com mulheres em tratamento ou vigilância de cancro de mama. Em 2019 foi feita uma segunda edição, com sessões feitas tanto na cidade carioca como em Lisboa, mas dessa vez a fotografar mulheres em tratamento ou vigilância de diversos tipos de cancro.

Nesta nova fase, iniciada em 2022, o projeto tornou-se mais abrangente, no sentido de mostrar mulheres com diferentes condições físicas e histórias de superação. A fotógrafa sente que hoje este projeto é uma missão de vida. “Sou mulher, trabalho com mulheres e sei como temos uma pressão grande de estética. A minha mãe teve cancro do reto, teve que usar uma bolsa de colostomia e isso mexeu muito com a autoestima dela. Penso que a fotografia empodera as mulheres, resgata a sua autoestima, e por conta disso, o projeto acabou por crescer dessa forma”, contou à New in Oeiras.
Tatiana Chaves, uma das mulheres representadas, revelou à New in Oeiras como se sentiu ao fazer parte deste projeto. A jovem, que sofre de vitiligo e doença de Chron, acredita que desta forma pode inspirar outras mulheres a não se deixarem abater com as contrariedades da vida e a sentirem-se especiais, mesmo quando se sentem fora do padrão.
“Cada pessoa é única, não há ninguém igual, por isso as pessoas devem amar-se pelo que são e não pelo que os outros querem que elas sejam. Ter participado neste projeto, além da experiência e realização pessoal, é mostrar que, o diferente pode ser bonito”, sublinha Tatiana.
Cada um dos testemunhos traz à luz uma história de luta e dificuldades, mas também de esperança e de exemplo. Além das fotografias, foram também realizados vídeos com entrevistas com cada uma das mulheres. Se, ao visitar a exposição, tiver curiosidade em saber mais sobre as suas histórias, pode aceder aos QR Codes, presentes em cada um dos expositores, que o direcionam diretamente para os vídeos realizados pela Janela Discreta, a produtora de Joana Mouta.
A exposição é gratuita, basta ir até à Marina de Oeiras para conhecer este trabalho com imagens muito impactantes e histórias inspiradoras. Estará presente naquele espaço até final de abril. Pode conhecer melhor o trabalho da fotógrafa nas suas páginas de Instagram, seja a geral ou a de boudoir.
Carregue na galeria para ver algumas fotografias do projeto, assim como imagens da inauguração na Fábrica da Pólvora, em setembro de 2022, quando foi apresentada ao público.