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Este ilustrador oeirense desenha memórias a pincel (em concertos e não só)

Miguel Antunes conversou com a New in Oeiras sobre o seu percurso profissional e artístico ao longo dos anos.
Documenta momentos de forma diferente.

Sempre que tinha revistas por perto, Miguel Antunes perdia-se a contornar as figuras, pessoas e edifícios. Desde miúdo, as silhuetas fascinam-no. Quando chegou a altura de decidir em que curso iria ingressar na faculdade, o seu primeiro instinto foi seguir Belas Artes ou Arquitetura, mas por força do destino e más notas de matemática, acabou por ficar por geografia. 

Nos 20 anos seguintes, Miguel não voltou a desenhar, mas uma experiência no estrangeiro mudou tudo. Em 2013, devido à sua carreira de cartógrafo, acabou por morar oito meses na Letónia e estava acompanhado do seu caderno, que está sempre com ele. “Nesse momento pensei apostar num diário gráfico. A minha ideia era transformar as paisagens em desenhos e fazer colagens acompanhadas de texto para descrever as minhas viagens. Só para que pudesse recordar mais tarde”, salienta Miguel, de 38 anos. 

Nesse ano surgiram os Urban Sketchers, uma comunidade de artistas que desenham os destinos por onde passam e Miguel sentiu-se automaticamente envolvido pelo conceito. “Inspiraram-me a voltar ao desenho e uma ideia levou à outra, além do desejo antigo de querer investir no mundo do desenho”, acrescenta.

O artista, Miguel Antunes, de 38 anos.

Entretanto, Miguel já fez mais de 20 workshops para aprimorar as suas capacidades naturais e aprender as técnicas de cor, como, por exemplo, aguarela. “Para mim, o processo de desenhar é meditativo. Estou completamente focado naquele momento e não penso em mais nada”, salienta. A melhor parte para Miguel, é que consegue trazer memórias reais nos seus cadernos que fazem despertar lembranças do que passou noutros países, como relembrar algo tão pequeno como a temperatura que se fazia sentir e que refeições fez naquele dia. 

Todos os desenhos são feitos no momento. “Às vezes estou a passear e decido parar e desenhar o momento, por vezes junto-me a alguns grupos que já estão a fazer o mesmo na rua”. Todo o processo é orgânico e pode demorar entre 10 minutos a uma hora, no entanto, o tempo médio de cada desenho é 20 minutos. Primeiro é essencial estipular o “esqueleto” do desenho, ao delinear os monumentos e definir a escala do desenho. Depois trata dos detalhes e começa a acrescentar cor com uma paleta de aguarelas que anda sempre consigo. “O mais importante é ser livre nesse processo e não perfeito“.

Ao longo dos anos, Miguel tem mostrado o seu trabalho a diversas empresas e entidades, o que o levou a ser convidado a desenhar os três dias do Festival NOS Alive em 2023, esteve a desenhar o concerto do Harry Styles, no mesmo ano, e ainda realizou trabalhos para a Câmara Municipal de Oeiras, quando pintou o Palácio do Marquês para uma das publicações do município, “Oeiras em Revista”, na primavera do ano passado. 

“É muito estimulante estar rodeado de pessoas, música e ainda tentar desenhar e captar todo o ambiente através das cores e linhas. Mas consigo criar a minha própria bolha e abstrair-me do espaço onde estou. Há sempre pessoas a passar, a perguntar e a fotografar o que estou a fazer. No final, é gratificante”.

Agora, faz desenhos para empresas e eventos privados, como, por exemplo, para a refood ou aniversários de espaços culturais. Basta entrar em contacto com Miguel Antunes através do Instagram. Os preços variam consoante a escala e o projeto pretendido, no entanto, rondam os 50€ por hora. 

Carregue na galeria para conhecer alguns dos trabalhos de Miguel Antunes. 

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