Christian Lefèvre define-se como um “rebuscador”. Trabalha pintura, escultura e fotografia e em todas estas expressões artísticas utiliza materiais que encontra nas praias, nas ruas e até no lixo. Tem por hábito e talento recuperar materiais de origem industrial ou natural, sempre inspirado na paisagem ou procurando um estudo de gestos e cores.
É este conceito que vai encontrar na mais recente mostra do artista francês, “Fait ici”, na Galeria na Montra, em Caxias. Este espaço com apenas 12 metros quadrados, acolhe dez obras que se dividem entre desenhos e esculturas. À New in Oeiras, Christian contou que foram praticamente todas já feitas em Caxias, para onde se mudou, com a sua mulher Judite Lefèvre, no início do verão de 2022.
“Já vínhamos algumas vezes para Portugal de férias no verão. Sempre gostámos desta zona e foi numa dessas viagens que conhecemos a Galeria na Montra, onde fiz a minha primeira exposição em Portugal, em fevereiro do ano passado. Apaixonámo-nos por esta zona e cinco meses depois tornou-se a nossa casa definitiva. Gostamos da tranquilidade de Caxias e da ligação à natureza, com os jardins e a praia”, refere.
Esta é, portanto, a segunda exposição de Christian Lefèvre na galeria. “Nos desenhos tenho trabalhado a repetição de um gesto, o movimento é muito importante, quase um gesto obsessivo. Vou sempre experimentando novas formas de trabalhar, antes usava muito carvão, agora estou mais em pesquisa da cor. Misturo essencialmente guache e pastel”, conta o artista plástico.
Se no desenho, Christian deixa a criatividade fluir, por outro lado, no conjunto de esculturas presentes na exposição, há uma montagem pensada, são obras que exigem maior reflexão por detrás. “Trabalho quase exclusivamente com materiais que recupero, podem ser elementos que encontro na natureza, na praia, nos caminhos, em sítios onde os materiais se acumulam e até no lixo, por exemplo pedaços de armários que as pessoas deitam fora. E depois associo esses materiais a outros, já fabricados”, garante.
Nestas obras está presente um conceito que o artista tem vindo a defender. De que a natureza é um mundo selvagem mas modelado pelo ser humano. “Hoje em dia em nenhum lugar do mundo existe uma paisagem que se possa classificar de original, não transformada pelo Homem. O paraíso original não existe e o Homem impôs a sua pegada em todo o lado. As minhas obras não são respostas, são sobretudo perguntas. Na realidade, os artistas só fazem perguntas e o público dá as respostas que quer”, afirma.

Depois de conhecermos a exposição, Christian Lefèvre levou-nos a visitar o seu atelier caseiro, a poucos metros da galeria. Foi lá que nos apresentou a sua outra vertente artística, ligada à fotografia. Tem vindo a explorar uma série de imagens com cenários criados, onde reúne objetos da cultura popular, religiosa, com frutas, verduras e outros elementos que utiliza para as suas experiências visuais.
Pode ficar a conhecer melhor o trabalho de Christian no seu blogue. O artista começou a trabalhar com arte desde jovem, nunca deixando de procurar novas oportunidades. Frequentou a Escola de Belas Artes de Paris, teve exposições em galerias na capital francesa e arredores e também na Alemanha. Criou parcerias com arquitetos para criar obras em espaços públicos e foi também professor.
Por curiosidade, conta que o seu apelido “Lefèvre” deriva da palavra latina “faber”, que significa artesão, como se este caminho lhe estivesse destinado. Atualmente dedica-se à sua arte, dividindo-se entre o atelier e a oficina onde dá vida a novas peças. Todas são produzidas em Caxias, onde sente “uma doçura de viver que não se encontra em todos os lados”.
Vá até à Galeria na Montra visitar esta exposição até dia 20 de abril. Aos sábados está aberta das 15 às 18 horas e durante a semana das 14 às 20 horas (com exceção da segunda-feira), também sendo possível fora destes horários por marcação. O espaço fica no número 6 da Av. Conselheiro Ferreira Lobo, em Caxias. Pode seguir também a galeria no Facebook e Instagram para ficar a par das novidades.
Carregue na galeria para conhecer o espaço da exposição e as obras de pintura, escultura e fotografia.