“Redescobrir Alfred Hitchcock” é a proposta da iniciativa que traz ao Auditório Municipal José de Castro, em Paço de Arcos, 50 filmes que o realizador britânico lançou ao longo da sua carreira. Semanalmente, serão exibidas as obras, por ordem cronológica, num plano que foi delineado pelo cineasta Lauro António, antes de falecer em fevereiro de 2022, e agora continuado pelo seu filho, e também realizador, Frederico Corado.
O Município de Oeiras decidiu dar continuidade às masterclasses de história do cinema, que o professor, crítico, ensaísta e dinamizador cultural, Lauro António, vinha a realizar desde 2018, no Auditório Municipal César Batalha, em Oeiras, como homenagem à sua carreira.
“Continuamos com o trabalho que o meu pai construiu desde sempre: mostrar bom cinema e quem o faz. Ver, falar e escrever sobre cinema foi no que o meu pai trabalhou a vida toda. Nós vamos tentar continuar esse trabalho e que melhor forma para o fazer que com aquele que foi um dos grandes realizadores da história do cinema”, afirma Frederico Corado.
Se segue atentamente a New in Oeiras, sabe que a filmografia de Hitchcock esteve em exibição, no ano passado, no Auditório César Batalha. A decisão de retomá-la, em 2024, agora no Auditório José de Castro (inaugurado em abril 2023, no antigo quartel dos Bombeiros de Paço de Arcos), foi-nos explicada por Gaspar Matos, diretor do Departamento de Artes, Cultura, Turismo e Património Históricos de Oeiras, que reforça a importância de este ser um local realmente virado para a comunidade.
“É um espaço muito eclético, aberto à comunidade, e tem sido um caminho muito feliz nestes meses. Acreditamos que as pessoas estavam sedentas de ter um espaço cultural ali, uma sala comunitária”, revela. “Quando foi inaugurado, era um terreno desconhecido, não havia um espaço desta natureza, nesta zona, e tínhamos grandes expetativas em relação à receptividade da comunidade local, que foi largamente superada. A verdade é que há público para os diferentes tipos de iniciativas que temos recebido no auditório. Já fizemos um pouco de tudo”, refere Gaspar Matos.
O centro cultural veio, assim, ocupar uma lacuna e dar a possibilidade a quem mora no centro da vila de poder ir até lá a pé, o que é uma mais-valia, principalmente para a população idosa que não tem como deslocar-se tão facilmente. “Sabemos que há pessoas que têm facilmente acesso aos nossos equipamentos culturais, espalhados pelo concelho, mas a verdade é que pessoas mais velhas não têm essa facilidade. Poder agora dar-lhes essa possibilidade é extraordinário”, acrescenta o diretor do departamento de cultura.
E conclui: “Tem sentido que os projetos que temos em mãos possam chegar a mais pessoas e não fiquem apenas restritos a um espaço, como é o caso do ciclo de cinema de Alfred Hitchcock”.
O realizador foi eleito pelo jornal britânico “The Telegraph” como o maior diretor da história da Grã-Bretanha, e pela revista americana “Entertainment Weekly” como o maior cineasta do cinema mundial. Frederico Corado garante que “a sua filmografia é das que maior coerência ostentam em toda a história do cinema. Hitchcock era homem de convicções fortes, de obsessões firmes, de temática constante , de um rigor formal e estilístico que assombravam. Ainda hoje a maioria dos seus filmes não se deixou corromper por uma ruga, não envelheceu um minuto e mantém uma modernidade de olhar e de construção que espantam. Hitchcock abordou os assuntos do seu tempo, mas interessou-se sobretudo pela condição humana. O que é eterno”.
Todos os domingos, às 15h30, poderá então conhecer ou rever uma das obras do mestre do suspense. Partilhamos os filmes que serão exibidos no primeiro trimestre do ano, lançados nos anos 20 e 30 do século XX, ainda realizados no Reino Unido. Janeiro começou com “The Pleasure Garden”, no dia 7, filme que não estreou em Portugal, na época. Nesta lista inclui-se “Chantagem”, a 3 de março, o primeiro filme de Hitchcock com som. Conheça a programação.
21 de janeiro
“O Inquilino Sinistro“/ “The Lodger” (1927), com Ivor Novello, Marie Ault e Arthur Chesney.
28 de janeiro
“Ringue de Boxe” / ‘The Ringue” (1927), com Carl Brisson, Lillian Hall-Davis e Ian Hunter.
4 de fevereiro
‘Easy Virtue‘ (1927), com Isabel Jeans, Robin Irvine e Franklin Dyall.
11 de fevereiro
“Downhill” (1927), com Ivor Novello, Ben Webster e Norman McKinnel.
18 de fevereiro
“A Mulher do Lavrador” (‘The Farmers Wife”) de 1928, com Jameson Thomas, Lilian Hall-Davis e Gordon Harker.
25 fevereiro
“Champagne” (“Champagne”) de 1928, com Betty Balfour, Jean Bradin, Ferdinand von Alten e Gordon Harker.
3 de março
“Chantagem” (“Blackmail”) de 1929, com Anny Ondra, Sara Allgood, Charles Paton.
10 de março
“Pobre Pete!” (“The Manxman’”) de 1929, com Carl Brisson, Malcolm Keen, Anny Ondra.
17 de março
“Ricos e Estranhos” (“Rich and Strange”) de 1931 com Henry Kendall, Joan Barry e Betty Amann.
24 de março
“Jogo Fraudulento” (“The Skin Game”) de 1931 com Edmund Gwenn, Jill Esmond e C. V. France.
31 de março
“Número Dezassete” (“Number Seventeen”) de 1932 com John Stuart, Anne Grey e Leon M. Lion.
A entrada livre é livre, mas limitada aos lugares disponíveis. As senhas começam a ser distribuídas a partir das 15 horas (máximo de duas por pessoas). Para mais informações pode contactar o número 214408565 ou o email carlos.pinto@nulloeiras.pt. O auditório Municipal José de Castro fica na Avenida Senhor Jesus dos Navegantes, em Paço de Arcos.