Por esta altura, já devia estar cansado de ouvir “All I Want For Christmas” de Mariah Carey ou “Last Christmas”, dos Wham!. É em casa, nos centros comerciais, no carro, no trabalho — não há literalmente nenhum local onde esta banda sonora não seja ouvida. A isto juntam-se os filmes de Natal, espalhados pela grelha televisiva ou pelas plataformas de streaming, que não nos deixam outra hipótese a não ser vê-los novamente. Os clássicos continuam a atrair-nos, ano após ano, e nunca nos fartamos.
Quando chega a noite da Consoada, entre o bacalhau, rabanadas e discussões familiares, o cenário tradicional só fica completo com as estórias que já vimos dezenas de vezes (não estamos a exagerar na frequência). “Sozinho em Casa”, por exemplo, já passou nos canais generalistas da televisão portuguesa, pelo menos, em 25 ocasiões.
Há ainda outros títulos que não podem faltar, nesta altura. “Música no Coração”, “Frozen”, “Grinch”, “O Amor Acontece” ou a saga “Harry Potter” são apenas alguns dos exemplos. Há quem saiba de cor as bandas sonoras, outros repetem frases icónicas das personagens e, entre um filme e outro, até se esquecem as possíveis tensões familiares.
A verdade é que continuamos a vê-los com o mesmo entusiasmo e, afinal, há mesmo uma explicação científica para esse comportamento. “Repetir determinados hábitos pode ser explicado por duas componentes: a procura do conforto emocional e sensação de nostalgia quando recordamos momentos de felicidade”, começa por explicar o psicólogo Paulo Dias.
Fazer a mesma maratona de filmes, ou ouvir a mesma playlist todos os anos, ajuda-nos a viajar no tempo, tendo um impacto positivo no organismo. “O cérebro tem um circuito de prazer e recompensa que ajuda a obter os neurotransmissores de dopamina”, refere o especialista. Fazer ou ver algo que gera emoções positivas exponencia os níveis da chamada “hormona da felicidade”. E ficamos automaticamente mais relaxados e motivados.
Nesta altura do ano, em que “a magia anda no ar”, os efeitos são ainda mais notórios. Normalmente, estas tradições evocam memórias reconfortantes. Não há discussão familiar que sobreviva a uma das partidas do pequeno Kevin em “Sozinho em Casa”, ou às traquinices do monstro verde, o famoso “Grinch”.
“A parte emocional é um fator importante na tomada de decisões. Neste caso, optamos por repetir as coisas muito pela nostalgia. Relacionámos determinadas tradições com a união e pela forma como nos sentimos anteriormente quando vimos aquele filme ou ouvimos a tal música”, refere Paulo Dias.
No caso da música, esta tem ainda outros benefícios associados, tanto “na perceção de bem-estar psicológico” como no “desempenho diário”. Pode mesmo funcionar como uma “estratégia de promoção de estados emocionais positivos” e auxiliar na gestão do stress, da ansiedade, ou da dor. Por isso, é natural que recorremos ao som que já sabemos que nos vai deixar mais felizes.
Se, além dos clássicos, gosta de novidades no que às séries diz respeito, carregue na galeria para conhecer aquelas que estreiam e regressam, em dezembro, às plataformas de streaming e televisão.