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Da universidade para o shopping: o tratamento inovador que promete rejuvenescer a pele

Investigadores patentearam uma descoberta para tratamento do cancro. Agora aplicam-na à estética nos corners da Be.U, que chegou ao Oeiras Parque.

Tratamentos de rejuvenescimento de pele com uma “tecnologia inovadora” a “preços democráticos” e por apenas 20 minutos por semana. À partida, e no que toca ao mundo dos cosméticos, poder-se-ia ficar de pé atrás perante tanta promessa. A verdade é que tudo isto começa num local improvável, no Departamento de Química da Universidade de Coimbra, ainda em 2009.

Gonçalo Sá, Luís Arnaut e Carlos Serpa, professores e investigadores, procuravam a solução para um problema — a melhoria da eficácia dos tratamentos para o cancro de pele que, até aí, podiam ser feitos de duas formas. Ou eram administrados via tópica, sendo que dificilmente penetrava na pele e, portanto, era de eficácia reduzida; ou via injetável, arriscando rebentar bolhas ou quistos provocados pela doença.

“A pele é um conjunto de células mortas compactadas, de tal forma que praticamente não há espaço livre ente elas. Praticamente nenhuma molécula consegue passar por elas, exceção feita à água — e é por isso que transpiramos”, explica à NiT Gonçalo Sá. O processo científico levou-os a colocar uma questão.

“Somos químicos da área da fotofísica, trabalhamos com luz. E decidimos então testar essa entrega através de ultrassons de alta frequência para ver o que acontece”, recorda. O que aconteceu foi surpreendente. Através dessa tecnologia, conseguiram “entregar cinco vezes mais quantidade” do que com o método tópico tradicional. “Percebemos logo que tínhamos ali uma tecnologia que efetivamente resultava.”

Registaram a patente e dedicaram-se não só a revelar os conhecimentos em estudos científicos publicados, como também a submeter a tecnologia a ensaios clínicos de segurança. E mais de uma década depois, ela chega aos portugueses através da Be.U, empresa criada pelos investigadores e que a partir de sábado, 21 de setembro, ganha o seu primeiro corner no Oeiras Parque.

“Explicado de uma forma simples: os ultrassons, ao serem absorvidos pela primeira camada de pele, descolam momentaneamente, abrindo caminhos para a difusão. Quando paramos, a camada volta a colar-se e regressa à função de barreira.”

Se a tecnologia era útil para o tratamento do cancro da pele, também o poderia ser para outro tipo de tratamentos, nomeadamente os estéticos. Foi isso que Gonçalo e os colegas pensaram — e decidiram não ficar parados.

“Hoje em dia, o conhecimento fica quase todo nas universidades. A carreira universitária é valorizada por artigos e patentes, mas não por quem cria uma empresa. Tínhamos uma visão e achámos que devíamos levar isto ao mercado”, explica.

Entre modelos de negócio e ambições, chegaram a uma conclusão: a tecnologia poderia ser usada para uma melhor e mais eficaz aplicação de tratamentos de rejuvenescimento com ácido hialurónico sem recurso a técnicas invasivas como injeções. Não só isso, mas pretendiam que este fosse um tratamento “democratizado e acessível a todos”. Criaram então a Be.U que descrevem com “um ginásio para a pele”.

“Nunca quisemos ganhar muito dinheiro com isto. Queremos massificar o rejuvenescimento facial. Uma clínica não era o caminho certo. Queremos apostar em corners nos centros comerciais, sendo que é algo rápido que pode ser feito em qualquer sítio, de forma cómoda e acessível a preços competitivos.”

Os preços dos tratamentos começam nos 8€, valor que permite aceder a uma hidratação com ácido hialurónico. Existe também um tratamento que inclui hidratação e peeling a partir de 15€. Os valores variam consoante a zona a tratar, que pode ser o bigode, o queixo, o pescoço, a testa ou os pés de galinha, que, nota Gonçalo, “é a zona mais requisitada e também a que revela melhores resultados”.

E, porque se trata de “um ginásio para a pele”, os especialistas recomendam que o tratamento seja feito semanalmente. Daí que o preçário inclua modelos de subscrição que começam nos 25€ por mês e podem ir até aos 271€.

Antes de começar os tratamentos, todos os visitantes têm direito a uma avaliação de pele gratuita, feita por uma máquina que faz uma análise à “quantidade de manchas, pigmentação, excesso de sol e profundidade das rugas”. Depois é hora de entrada em ação “de uma espécie de personal trainer da pele” que revê o relatório recomenda os tratamentos mais adequados.

Com a inauguração marcada para 21 de setembro, no shopping oeirense, os planos passam por alargar os corners Be.U a todo o País até ao final de 2025, com a abertura de mais cinco a dez espaços.

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