Para os moradores de Oeiras, parece cada vez mais utópico seguir uma alimentação à base de produtos naturais, não só porque a maioria não os consegue produzir em casa, como é mais fácil passar pelo supermercado para abastecer a despensa com todo o tipo de alimentos. No entanto, há quem procure soluções mais saudáveis e naturais, apesar de não serem fáceis de encontrar. Cláudio Costa, de 42 anos, decidiu investir num projeto de venda de cabazes de produtos naturais e, apesar de não ser de Oeiras, é neste concelho que tem grande parte dos seus clientes.
“Sou de Almeirim e sempre vivi no campo. Desde muito cedo que tenho uma forte ligação à agricultura e. em 2009. decidi fazer um curso de horticultura e fruticultura biológica para criar um projeto diferente”, afirma à NiO.
Cláudio trabalhava num viveiro perto da área de residência, mas em fevereiro deste ano decidiu despedir-se e arriscar no seu projeto de sonho. “Não concordava com algumas políticas da empresa e percebi que era altura certa para dar seguimento ao meu projeto biológico. Comecei por cultivar no meu terreno alguns produtos e, juntamente com um amigo, Marcio Peralta, começámos a vender o que produziamos”.
Os dois amigos juntaram-se à beira da estrada, na nacional 114, perto da aldeia da Raposa, com os produtos 100 por cento naturais, que tinham cultivado. “Fomos mais pela experiência e para começar a perceber se era rentável. Chegámos a vender batatas, tomates e cebolas a estrangeiros que passavam de caravanas. Tudo por gestos e a desenhar em folhas de papel. Ninguém falava inglês, foi a única forma de comunicar”, revela.
A dupla de Almeirim acabou por ficar pouco tempo a vender na estrada. Tudo por culpa da mulher de Márcio, que decidiu criar uma página no Facebook, com um logotipo, a explicar o projeto da venda de produtos biológicos. O resultado foi incrível. “No primeiro dia tivemos 35 encomendas. Nem tínhamos produtos suficientes”, conta Cláudio.
Cabazes distribuídos porta à porta
“Decidimos investir tudo. O objetivo era criar um cabaz com produtos biológicos das nossas hortas, mas como tínhamos muitas encomendas, era necessário ter mais produtos”. Foi então que os dois amigos se lembraram de potenciar os produtores de Almeirim. “Falámos com os produtores locais com pequenas hortas, de 150 metros quadrados, para venderem os produtos”.
Criaram um cabaz só com alimentos naturais e vendem desde ervas aromáticas a batatas, frutas, legumes e hortaliças, ovos e pão. “O nosso foco está na qualidade do produto. Queremos uma alimentação como tínhamos quando éramos mais novos e, por isso, procuramos vários produtores para não comprar em massa.”
Começaram a vender os cabazes em julho deste ano e grande parte dos clientes é do concelho de Oeiras. “Temos muitos oeirenses, entre os 30 e os 70 anos, a procurar os nossos alimentos. Há até duas clientes que só tomam o pequeno almoço depois de entregarmos o pão ainda quentinho”, confessa.
Os cabazes são entregues de porta em porta, de quarta à sexta-feira. Cada um custa 25€ e inclui 10 produtos, sendo que pode levar até um quilo de quatro frutas diferentes, um quilo de batatas, ervas aromáticas (25 gramas), hortaliças e legumes. Os extras, como o pão e os ovos, são pagos à parte.

“Às segundas e terças-feiras vamos até às casas dos produtores, aqui de Almeirim, para recolher os produtos. Às quartas-feiras lançamos a lista para a semana seguinte, com todos os produtos disponíveis. Nem sempre temos os mesmos alimentos e na mesma quantidade porque é tudo natural.”
“Quem faz o pão é uma moradora de Almeirim, que tem um forno a lenha em casa. Os ovos são das galinhas dos quintais dos moradores. Procuramos dar oportunidade a quem produz em qualidade e não quantidade”, afirma Cláudio.
Num dia são entregues cerca de 16 cabazes e entre os produtos mais procurados estão o tomate, a batata, a abóbora e as aromáticas. “No verão, o morango saiu muito bem. Chegámos a vender 30 quilos numa semana”, conta.
Para o futuro, o objetivo é crescer, mas sem nunca perder a premissa inicial. “Sabemos que vender mais implica termos mais quantidade de produtos, mas não queremos que seja só num produtor. O nosso objetivo é aumentarmos a “carteira” de pequenos produtores, primeiro para servir como incentivo a quem produz e depois para servir qualidade a quem nos procura”, remata Cláudio.
Para encomendar os seus cabazes basta seguir o projeto nas redes sociais e enviar mensagem privada. Carregue na galeria para ver fotografias de alguns produtos.

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