O percurso de Madalena Passeiro foi pautado pelas artes, desde cedo. Enquanto os outros miúdos brincavam no recreio, Madalena ficava a desenhar. Adorava presentar a família com peças artísticas e decorativas feitas por si. Agora, aos 36 anos, abriu um atelier de arte, em Caxias.
Antes de aqui chegar, Madalena experimentou passou por outras áreas. Em 2009, completou a licenciatura em Enfermagem e, em 2013, formou-se em Gestão. Nos últimos anos, foi assistente de bordo na TAP e também concluiu um curso de cozinha, em 2022. Apesar de nunca ter desistido de pintar, foi durante a pandemia da Covid-19 que Madalena regressou às tintas e aos quadros.
Nessa altura, também tomou a decisão de começar a trabalhar com conteúdos nas redes sociais, associando-se a marcas, com publicação de vídeos e fotografias. Há cerca de um ano e meio, este percurso foi interrompido por um grave problema de saúde: foi diagnosticada com cancro na mama.
“Nesse processo tive muitos sustos. Um deles foi apenas há uns meses, quando achávamos que existia a hipótese de a doença ter alastrado”, explica. Nessa altura, muitas pessoas, sem relação entre si, começaram a oferecer-lhe figuras e medalhas da Nossa Senhora de Fátima. “Mesmo sem me aperceber, comecei a rezar à Nossa Senhora. Quando finalmente recebi os resultados do exame, não existiam vestígios nenhuns de progressos da doença e, para mim, foi um milagre”, conta à NiO.
Foi então que Madalena se virou para os quadros em forma de agradecimento a Nossa Senhora — e assim nasceu o projeto “Maria”, onde a figura central é sempre uma homenagem à santa. “Era um desenho básico, mas curiosamente era a minha única inspiração”, revela.
“Maria” marcou o regresso de Madalena às artes, algo que também considera um milagre. “Foi um verdadeiro sucesso. As pessoas identificaram-se com as mensagens de esperança e fé”, diz. Assim, percebeu que conseguia dedicar-se exclusivamente ao seu talento. Conta até que conseguiu ir de férias “apenas com a sua arte”, orgulhosa de ter investido no que realmente a faz feliz.

No meio deste turbilhão de emoções, Madalena e o marido mudaram-se de Cascais para Paço de Arcos e deixou de ter um atelier em casa. “Precisava de um espaço onde me permitisse sair de casa, receber clientes e fazer o meu trabalho”, refere.
Foi assim que decidiu abrir um atelier próprio, inaugurado a 13 de janeiro, em Caxias. O espaço funciona apenas por marcação, podendo entrar, ver os trabalhos em exposição e até mesmo conversar com Madalena sobre algum projeto que deseje ver realizado pela artista.
É nesta pequena sala cheia de cor e criatividade que Madalena produz as suas obras, onde vai experimentando diferentes tipos de materiais e técnicas mistas, do óleo ao acrílico. Considera-se uma artista abstrata, afirmando que os seus trabalhos surgem de um processo livre.
Tem também vontade de partilhar os seus conhecimentos com outras pessoas e incentivá-las a explorar a imaginação através de um papel ou quadro em branco. É por isso que a artista pretende também conseguir dinamizar a zona com alguns workshops e artistas convidados, em breve.
É no Instagram que publica obras e acaba por vendê-las através das redes sociais. “Muitas vezes esgotam em 24 horas”, diz. Para os quadros em tela o valor mínimo é 250€, no entanto está sempre sob avaliação de um orçamento.
Quando se trata de trabalhos em papel, não existe valor mínimo. No entanto, as Marias rondam entre 100€ e 150€, dependendo do tamanho escolhido. “O Instagram é o meu portfólio e onde os clientes fazem os seus pedidos. Há sempre a hipótese de adaptar peças que já foram vendidas em outros tamanhos, por exemplo”, refere.
Carregue na galeria para conhecer o novo atelier de Madalena Passeiro em Caxias.