Se calhar nunca reparou, mas está na altura de começar a fazê-lo. Os recipientes de plástico utilizados para a maioria dos produtos alimentares e bebidas atualmente no mercado são recicláveis e possuem um símbolo a que deve prestar atenção — o triângulo da reciclagem e o número que aparece ao centro.
A propósito do Dia Mundial da Segurança Alimentar, uma equipa de investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) alertaram esta terça-feira, 7 de junho, para a necessidade de se estar atento aos “números de reciclagem dos recipientes onde armazenam e aquecem os alimentos”. As embalagens com os números 7, 6 e 3 “podem conter contaminantes que migram para a comida”.
Em declarações à agência Lusa, aqui citado pelo jornal “Expresso”, Duarte Torres, um dos investigadores envolvidos no projeto que avaliou a exposição a perigos químicos existentes na cadeia alimentar e contaminantes que provêm das embalagens, alertou para o pormenor que consta das caixas de armazenamento e que se refere ao material em que a mesma é feita.
A informação é fornecida pelo número de reciclagem (que normalmente aparece no centro do triângulo da reciclagem) que indica o polímero a partir do qual o plástico em questão foi produzido. O número 3, por exemplo, indica que a embalagem foi produzida em cloreto de polivinila ou PVC que contém ftalatos, compostos usados para conferir flexibilidade aos plásticos e que podem migrar dos materiais para a atmosfera, alimentos ou bebidas. Estes compostos — aos quais convém “diminuir a exposição” — são tóxicos e podem ter um impacto negativo na saúde.
Os efeitos toxicológicos resultantes da exposição a estes compostos são de natureza crónica. “As quantidades que potencialmente migram para os alimentos são vestigiais, as quais não causam uma reação imediata, mas que a longo prazo podem produzir um efeito toxicológico cumulativo“, esclarece a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em relação ao risco de utilização deste tipo de embalagens.
A confeção também pode contaminar os alimentos
O investigador Duarte Torres sublinhou a importância de se evitar consumir as partes “muito queimadas ou carbonizadas” da carne, peixe e ovos, pois podem concentrar compostos químicos “indesejáveis” como as aminas heterocíclicas, que se formam durante a confeção destes alimentos a altas temperaturas e durante longos períodos.
“A mensagem é evitar processar em demasia os alimentos, que devem ser tratados de forma suave. Quando aparecem partes muito queimadas num alimento, essa parte não deve ser ingerida”, observou o especialista. Duarte Torres recomendou ainda a substituição de alimentos processados e ultra processados, fruto de formulações que contêm um “conjunto alargado de ingredientes, muitos deles, aditivos”, por alimentos menos processados.
Aliado a isto o investigador deixou também um alerta para a a importância de se fazer uma “alimentação variada, com base em produtos pouco processados”, ainda que tal pareça uma recomendação “comum”.
A propósito do Dia Mundial para a Segurança Alimentar, os investigadores envolvidos no projeto FOCACCia divulgaram também uma brochura e um ‘e-book’, materiais desenvolvidos em conjunto com a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e a Direção-Geral da Saúde (DGS), que contêm dicas e recomendações para os consumidores.