Os melhores caracóis do concelho Oeiras comem-se em Leceia

Eleger o melhor local para saborear caracóis no município de Oeiras não é tarefa simples, uma vez que muitos restaurantes oferecem esse petisco tão procurado durante o verão. Para ajudar nesta eleição, a NiO realizou uma votação que terminou esta quinta-feira, 15 de maio.

Os leitores da revista New in Oeiras elegeram a Petisqueira SERUL como o sítio que serve os melhores caracóis na região. Este espaço conquistou 62,50 por cento dos votos, — um resultado esmagador. A Petisqueira Manica,ficou em segundo lugar, com 11,76 por cento dos votos; o Sol da Barra, fecha o pódio com 8,82 por centro. Com a vitória consolidada, fomos conhecer a história do vencedor, gerido por Pedro Gonçalves, de 35 anos.

Pedro assumiu a gestão da Petisqueira SERUL há cerca de seis anos, momento a partir do qual o espaço começou a ganhar maior dinamismo. “Trabalhei durante 11 anos na Marinha, em funções de mesa, copa e bar. Farto daquele ritmo, decidi sair. Quando percebi que tinha de fazer algo por mim, deparei-me com este espaço — que pouco tinha de movimentado, apenas servia cafés e pouco mais”, conta à NiO.

Em 2019, Pedro passou a gerir oficialmente o restaurante, iniciando uma fase de revitalização do espaço, motivado por residir em Leceia e por sentir que a restauração é a sua zona de conforto. Começou por oferecer petiscos como pica-pau, caracóis, caracoletas e amêijoas. Após a pandemia de Covid-19, viu-se na necessidade de também servir almoços, para conseguir pagar aos empregados.

“Sou ‘rapaz da terra’ e comecei sozinho, mas depois contratei pessoal, tudo malta aqui da zona. Somos uma família e quando percebi que a sustentabilidade do negócio estava em risco, decidi também apostar nos almoços”, explica.

Os caracóis foram os primeiros petiscos a serem introduzidos na carta do espaço e continuam a ser a especialidade, sobretudo na época de verão. “Logo no início, quando abri, um rapaz veio perguntar se eu queria comprar caracóis e, na altura, eu nem sabia prepará-los. Mas ele lá me convenceu”, recorda.

“Disse-me que era algo muito fácil de fazer, que bastava pôr alho, cebola e orégãos e ficariam perfeitos. Tentei, mas os primeiros ficaram demasiado salgados”, conta Pedro.

Como grande apreciador do petisco, Pedro não desistiu. Numa tarde, após beber alguns copos com amigos, decidiu experimentar novamente a receita. “Ficaram incríveis, toda a gente dizia. Como já tinha bebido, não me concentrei bem e nem me recordo exatamente do que tinha colocado, nem das quantidades”, relata.

Pedro e Isabel, braço direito no restaurante.

Passados alguns dias, o oeirense dedicou-se a aperfeiçoar a receita, à sua maneira, e o resultado foi muito positivo. “Desde então, vêm clientes de todo o lado para os provar. O segredo é simples — eles são conhecidos por serem lentos, e aí está o truque: é fundamental ter paciência e deixá-los cozinhar lentamente, em lume brando. Depois de bem lavados, é importante retirar a espuma, para evitar o sabor azedo, e não é necessário inventar muito, não é preciso acrescentar bacon, nem presunto, nem nada dessas coisas”, explica Pedro.

Os caracóis comprados pelo restaurante são de origem marroquina, cada dose custa 10€ e a meia-dose 6,50€. Ao longo dos anos, Pedro foi aprendendo algumas técnicas e truques que fazem a diferença.

“Uma coisa que aprendi logo no início foi a não meter o pauzinho dos orégãos, só coloco mesmo as folhas, para não azedar”, revela. E, quem prova sabe distinguir a diferença. A Petisqueira SERUL atrai todo o tipo de clientes, incluindo figuras públicas. “Tenho pessoas a vir de todo o lado. Até o Isaltino Morais vem cá todos os anos e já me disse que tenho os melhores caracóis do concelho”, confidencia Pedro.

O espaço serve ainda uma variedade de outros petiscos, como gambas, pica-pau, lavagante, navalheira, percebes e pota. “Temos um pouco de tudo, apareçam que são bem servidos”, conclui.