Cada português come cerca de 16 quilos de arroz branco por ano — um valor quatro vezes superior à média europeia. Em 2023, porém, é provável que o consumo desça. O preço médio deste cereal tem escalado vertiginosamente nos últimos meses. No Continente, por exemplo, o preço por quilo varia entre 1,19€ (arroz agulha produzido na Europa de marca própria) e 9,50€ (arroz selvagem da Caçarola, importado do Canadá) — valor este que muitos consideram um absurdo.
E se o aumento até pode passar despercebido em algumas variedades, noutras até os mais distraídos repararam. O valor por quilo do arroz carolino registou a maior escalada. No espaço de um ano, passou de uma média de 1,14€ por quilo para 2,21€, o que representa uma subida de 94 por cento.
A boa notícia, porém, é que segundo uma estimativa do diretor-geral da Associação Nacional dos Industriais de Arroz (ANIA), o preço do arroz já terá atingido o seu pico e poderá sofrer correções em baixa nos próximos anos.
“A nossa previsão é que tenhamos atingido um máximo de preços do arroz europeu, que tenderá a corrigir nos próximos anos, se a guerra não escalar para outros países, claro”, apontou Pedro Monteiro, citado pelo “Expresso”. A revisão do preço será também influenciada pelo abrandamento da inflação e a queda dos preços da energia. A associação espera também que os fitofármacos e adubos possam rever os preços máximos.
“Felizmente temos água nos rios para as próximas campanhas graças às chuvas deste inverno, o que nos permitirá plantar os cerca de 30 mil hectares normais”, referiu. “Não podemos estar totalmente dependentes de países terceiros. A UE [União Europeia] tem que importar quase 50 por cento de arroz que consome e o mesmo se passa com Portugal”, vincou.
Por cá, foi no arroz carolino que se sentiu um maior impacto referente aos custos de produção — daí a subida de 94 por cento do preço de venda nas grandes superfícies de retalho alimentar. A produção desta variedade terá sofrido um efeito duplo dos aumentos “decorrentes da inflação e da guerra da Ucrânia devido aos elevados preços da energia nesta campanha, que terminou em setembro”. Conforme indicou, os países terceiros não sofreram as mesmas consequências, tendo preços mais estáveis.
“Acreditamos que na próxima campanha os custos de produção na Europa tendam a estabilizar, se a guerra não escalar mais“, disse. Ainda assim, acrescentou que este aumento do preço do arroz europeu permitiu manter a margem necessária para poder continuar a produzir, considerando que tal é “extremamente importante”.
Em fevereiro de 2023, o preço de mercado do arroz, em Portugal, para a categoria japónica foi de 650€ por tonelada (0,65€ por quilo), quando em 2022 estava custava 330€ (0,33€ por quilo). Já o preço da categoria índica ascendeu a 465 euros por tonelada (0,47€ por quilo ), acima dos 340 euros (0,34 por quilo) verificados no mesmo período do ano anterior. Ainda assim, há uma grande diferença que fica pelo meio: o preço pago pela indústria ao produtor (0,65 cêntimos por quilo) e os 2€ cobrados nos supermercados.