Ao entrarmos no número 5 da Avenida Marquês de Pombal, sentimos o calor e o conforto de uma casa de família, apesar das máscaras e do desinfetante. O móvel da bisavó de um dos sócios, o mapa de Guimarães, a cidade do chef, e os pratos da ceramista amiga de infância da terceira sócia remetem-nos para as nossas próprias memórias na terra dos avós.
Chama-se O Pastus e é o novo projeto do chef Hugo Dias de Castro e os seus sócios Annakaren Fuentes e Nuno Rebelo. Abriu a 1 de junho, em plena pandemia, e tem sido um verdadeiro sucesso e prova de resiliência. Inspirado na Casa de Pasto, restaurante onde o chef trabalhou anteriormente e o seu “momento mais feliz”, vai buscar ainda as raízes da sua avó vimaranense.
“O espaço estava assim como se encontra. Sempre esteve ligado à comida. Foi a Tasca do Freitas, o Sol, e o emblemático Stick. Já tinha este balcão de mármore, só trouxemos o móvel da bisavó do Nuno, os pratos da Prats, o mapa e o quadro de giz”, conta-nos Annakaren.
É terça-feira, 5 de janeiro, e o alerta amarelo devido às baixas temperaturas contrasta com a mesa onde nos sentamos para um almoço de partilha. “É esse o conceito. Queremos que seja uma experiência.”
O espaço foi encontrado por Nuno e Hugo, num passeio pela Avenida Marquês de Pombal. Em frente ao jardim que se debruça para a Marginal e o mar. “Posteriormente, ficámos com o coreto. O que dá uma esplanada espectacular.”
A refeição começa com pastéis de bacalhau (2€ cada), uma receita da avó do chef, apenas com um twist para uma maior crocância, e acompanhados por uma maionese caseira. Ao mesmo tempo, é servido um torricado de presa de porco ibérico e kimchi (6€), e uma tosta de brioche com mousse de foie gras e um pickle de maçã.
Todo o pão é feito no restaurante, a partir de massa mãe, e com fermentação lenta. É o caso daquele que é servido no Momento do Pão, uma espécie de couvert que vem ainda com presunto, requeijão e azeite de Trás-os-Montes (4€).
Se já ficou com curiosidade, prepare-se para as estrelas do menu: os tártaros. O tártaro de atum do mercado de Paço de Arcos é feito com sésamo, pickles de aipo, maionese, ponzu e chalota frita (12€); enquanto o tártaro de touro bravo leva pickles de cebola jovem, mostarda e alho negro (12€).
Os snacks não ficam por aqui, prove ainda o coração de alface braseado, com chalota frita e pickles de cebola (6€) — uma maravilha. O Pastus, além de uma casa de pasto e uma cozinha de mercado, é conhecido pela Pesca do Quim.
O Quim é um dos únicos pescadores que ainda tem licença para lançar as suas redes na baía de Paço de Arcos. Consoante o que a rede apanhar, o prato do Pastus ganha forma. Nesta terça-feira, a sua pesca foi uma garoupa, que o chef apresentou com um arroz carolino, com pasta de coentros e cítricos (14€).
Antes dos doces, não podíamos deixar de provar o prato mais icónico da ementa — o bacalhau à Brás (10€). Com cebola caramelizada, batata fina, mais gema do que clara, pasta de azeitona, e um lombo de bacalhau cozinhado a baixa temperatura, nesta época o prato é ainda servido com um pouco de trufa.
Se não resiste a uma sobremesa, vai gostar de saber que no Pastus a escolha é muito variada e espetacular. Há mil folhas de framboesa e creme de baunilha (6€); batata doce de Aljezur com nata ácida e hortelã (5€); bolo mousse de chocolate (da avó do chef — 4€); e um sticky toffee pudding (6€). Pode acompanhar a refeição com uma incrível variedade de cocktails ou vinhos.
De seguida, carregue na galeria para conhecer melhor o espaço e os deliciosos pratos do Pastus, que vão sendo alterados consoante a estação. O restaurante abre todos os dias, excepto aos domingos ao jantar, tem ainda serviço próprio de entrega ao domicílio, e take-away.