Quando ainda existiam poucos espaços dedicados à gastronomia mexicana na zona da Grande Lisboa, o La Siesta apostou em trazer nachos, tacos e margaritas a Algés. Foi em 2001 que o restaurante abriu as portas (depois de sete anos situado Massamá), numa localização privilegiada ao lado do rio Tejo, que ainda hoje é muito elogiada e um dos motivos que leva muitos clientes a escolher este espaço para almoçar, jantar ou petiscar algo a meio da tarde.
A poucos meses de celebrar 30 anos (foi fundado em 1994), o restaurante tem vindo a apostar em mudanças que considera cruciais no caminho que quer continuar a seguir para garantir a preferência dos clientes. Ao longo destas quase três décadas houve altos e baixos, “como acontece em qualquer negócio”, afirma o responsável, Francisco Sousa. A verdade é que, em algumas fases, os clientes sentiram mudanças que não agradaram, de forma unânime, o paladar de quem se tinha tornado fã dos sabores mexicanos servidos pelo espaço.
À NiO, Francisco Sousa revelou um possível motivo que pode estar na base dessa opinião, assim como a solução encontrada para resolver a questão. “O La Siesta nunca mudou de gerência em quase 30 anos. Claro que, neste tempo todo, sofremos algumas mudanças. Tínhamos uma sócia e chef que, infelizmente, adoeceu e deixou de estar connosco. A partir daí, tivemos que fazer algumas alterações. Acabámos por chamar um primeiro chef mexicano que era pouco flexível, queria um menu feito à sua maneira e acabou por retirar alguns pratos a que os clientes estavam habituados. Não correu bem, ele saiu, e no início deste ano chegou um novo chef, também mexicano, assim como o staff que o acompanha na cozinha”, conta.
Foi feita uma nova alteração à carta, regressaram alguns dos pratos-âncora do restaurante, mas também novos sabores introduzidos pelo chef Óscar Osório, de 37 anos, natural da cidade de Mérida, situada na zona sul do México. “A gastronomia mexicana é muito variada e totalmente diferente consoante a zona do país. Trouxe algumas especialidades da minha zona, pratos típicos que acredito que enriquecem a oferta do restaurante”, conta o chef à NiO.

“A essência mexicana que temos aqui passa muito pelo mole, por exemplo, é um molho típico do centro do país, está misturado com chilli entre outros ingredientes. Há vários tipos, o principal é o mole poblado, com uma cor escura, que pode ser picante, pode ser doce ou um pouco amargo, porque leva chocolate e outros temperos que combinam com frango. Destaco a cochinita que é uma especialidade da comida da minha zona e também a carne assada temperada com sumos e especiarias que é muito popular lá. Há ainda a carne al pastor, que é uma carne de porco marinada, temperada com especiarias do estado de Yucatán, que podemos servir nos tacos, nos nachos, é muito versátil. São alguns dos pratos mais característicos que temos aqui”, revela o chef Osório.
O chef destaca ainda o frango alcaparrado (15,30€), outra das especialidades da sua terra, Yucatán, “um prato muito antigo, que se cozinha desde a época dos Maias, vem de culturas muito antigas no México, onde se servia exclusivamente em aniversários, casamentos, eventos festivos para celebrar. O povo reunia-se e comida este prato”, conta. É um frango cozinhado com especiarias, sumo de lima, tomate, cebola, pimentos, azeitonas e alcaparras, acompanhado com arroz e feijão.
Duas das novidades que chegaram ao menu são, por exemplo, o aguardado regresso do burrito loco (18,50€), que consiste numa tortilha de trigo recheada com feijão, arroz, queijo cheddar e carne de vaca, acompanhada com batata jalapeño, guacamole e salsas mexicanas; e a introdução do bisteck ranchero (17,50€), um fino bife de vaca grelhado, gratinado com queijo e acompanhado com arroz, feijão e salada de nopal.
Com tantas opções, pedimos ao chef que nos sugerisse aquele que seria, para si, o menu ideal para uma refeição. “Como entrada, o ceviche de camarão é muito fresco e leve, ou as chimichangas, são um mini burrito, oriundo do norte do país, há muitas versões. Como prato principal, os tacos cochinita ou os tacos pastor, assim podem experimentar bem a carne. Como sobremesa, eu pessoalmente gosto muito do chocoflan, que no México chamamos de pastel impossible”.
Óscar Osório é formado em gastronomia e trouxe a experiência da restauração no seu país, onde trabalhou em restaurantes e refeitórios industriais. “Trabalhava com quantidades muito grandes de comida. Trabalhei também em cantinas, resorts no caribe mexicano, mas a minha linha principal é cozinhar em espaços grandes como este (o La Siesta tem cerca de 200 lugares)”, conta. O chef vive atualmente em Algés, uma zona que adora. “De Lisboa até Cascais, adoro toda a linha e gosto de visitar espaços históricos, fascinam-me os palácios e castelos. Lisboa tem um equilíbrio entre o moderno e o antigo, adoro isso. Quando era mais jovem, sempre quis sair do meu país e conhecer a Europa. Vir para Portugal foi um objetivo concretizado, tenho muito a agradecer a quem confiou em mim e no meu trabalho”, garante à NiO.
Mais do que só os pratos e as bebidas do menu, todo o ambiente do La Siesta vai fazê-lo viajar até ao México. Na decoração não faltam elementos representativos daquele país, as paredes pintadas com cores quentes e figuras da cultura mexicana que o tornam mais acolhedor, sem nunca esquecer os costumes que vão sendo homenageados e trazem muito alegria ao espaço, como a música ao vivo com mariachis, que acontece nos jantares de terça, sexta-feira e sábado, das 20 às 23 horas.
Com quase 30 anos, o La Siesta tem acompanhado várias gerações de clientes, mantendo o conceito e alguns pontos que o diferenciam, como o facto de estar aberto continuamente do meio-dia à uma da manhã. Portanto, caso queira almoçar a meio da tarde, fazer uma refeição mais tardia ao serão, ou simplesmente passar por lá para beber umas margaritas com amigos fora das horas das refeições, o espaço está aberto para recebê-lo. A localização privilegiada faz da esplanada, com vista para o rio, um dos grandes atrativos do restaurante, onde pode pedir uns nachos com guacamole, acompanhados por um cocktail, ao final da tarde.
Por outro lado, se quer aproveitar o espaço para apreciar a vista enquanto almoço, saiba que o La Siesta tem um novo menu de almoço, que inclui o couvert, um prato, uma bebida e entrada ou sobremesa e café (14€). Se quiser incluir as duas opções de entrada e sobremesa, o preço sobe para 16,50€. À segunda-feira é oferecido um copo de margarita por pessoa.
Como apontamento final, deixamos a nota de que está a chegar o Dia dos Mortos, uma celebração em honra dos familiares e amigos falecidos que, segundo a tradição, é quando as almas são autorizadas a visitar os parentes vivos. Por isso, na noite de 31 de outubro, o La Siesta estará decorado a rigor, com muitas surpresas à mistura, garantem os responsáveis. Vai haver um altar à entrada, que faz parte dos costumes mexicanos, onde se coloca comida e outros artigos favoritos dos parentes que já morreram. O ambiente ficará quase sem luz, só com velas, e pode contar com música ao vivo. “É uma festa muito bonita, uma noite diferente”, referem os responsáveis, garantindo haver também uma pessoa, no dia, que irá pintar a cara de quem quiser, seguindo a tradição mexicana. Se ficou curioso, o ideal é reservar já uma mesa.
Carregue na galeria para ver algumas imagens do espaço e dos pratos que pode provar por lá.