Caracteriza-se como um “coffee palace”, isto é, um palácio do café, onde a famosa bebida é a joia da coroa. À frente do reinado está Adelino Faria, 62 anos, nascido na Madeira, mas que viveu 42 anos no Brasil. Não é, por isso, de estranhar que no Bib’s Crew encontre também produtos com sabor tropical como açaí ou pão de queijo com requeijão, uma especialidade paulista (Adelino morava em São Paulo), que dá a provar ao público português.
Do outro lado do Atlântico, Adelino já trabalhava nesta área, mas a aposta neste conceito de café de especialidade é nova. Como negócio familiar que é, o Bib’s Crew (nome que significa “equipa da Bib”, em homenagem à neta Bianca) foi buscar um produto que os próprios gostavam. “Somos muito fãs de café. E, inspirados pela pequena Bianca, que traz alegria à nossa vida, queríamos trazer essa paixão, e transmitir essa alegria a quem nos visita”, conta Adelino à NiO.
“Quando tivemos esta ideia, achámos que Lisboa já estava muito saturada de espaços assim, mas nesta zona não havia nada do género, ainda é algo desconhecido”, refere o responsável, que vive no concelho de Cascais. “Encontrámos este espaço em Paço de Arcos e achámos que era o sítio ideal”, afirma.
Assim, o número 85 da Rua Costa Pinto, no centro histórico desta vila à beira-mar plantada tem, desde o dia 4 de setembro, um espaço onde encontra diferentes tipos de café. “Vão variando. Todos os meses temos uma oferta especial. Começámos com uma proposta do Brasil, de caramelo doce, em novembro vamos ter um da Colômbia, vamos tentando alternar para dar a conhecer sabores diferentes”, refere o responsável.
Mas afinal o que é isto de café de especialidade? “Na verdade, é tentar ser mais sustentável e valorizar a cadeia de produção, ao contrário do café tradicional a que estamos habituados a consumir. Neste caso, é de grande importância valorizar os grãos e todo o processo, desde a extração, à forma como são selecionados e tratados, para terem a melhor qualidade quando chegam ao consumidor final”, conta Adelino.
O café de especialidade caracteriza-se por ser artesanal e com uma torra fresca, apresentando uma vasta variedade de sabores. Ao contrário do café comercial, cuja origem é por vezes desconhecida, o café de especialidade caracteriza-se pela avaliação rigorosa pela qual passa até chegar às chávenas dos consumidores, pela valorização da origem e dos produtores, incentivando a agricultura sustentável.
“Trabalhamos com a fábrica Coffee Roasters, um parceiro que temos há muito tempo e que trabalha com café de todo o mundo. E queremos também trabalhar com torrefações da zona de Lisboa e Cascais, por exemplo, para que possamos criar laços com outras marcas”, sublinha o responsável. “Acreditamos que assim temos um conceito diferenciador”.
O espaço assume maior movimento no período da manhã. Se não passa sem um capuccino, pegue logo no telemóvel, porque vai querer tirar uma fotografia à latte art presente na chávena. Mas ali há pedidos para todos os gostos. “Temos tido várias pessoas a elogiar o nosso café de coador”, revela Adelino.
Da parte da tarde, há também quem passe por lá para beber um copo de vinho. “Fazemos questão de ter algumas marcas de vinhos que não estão à venda nas superfícies comerciais. Trabalhamos com pequenos produtores, marcas diferentes e mais especiais”, conta o proprietário. Há também cervejas artesanais, sumos naturais e, nesta época, chocolate quente para provar.
Mas nem só de bebidas se faz esta casa. Para comer, não faltam opções de pastelaria e refeições leves como torradas, tostas ou saladas. O açaí chega em diferentes versões: na tigela (7,70€), em batido com fruta (7,50€), num cocktail de açaí com café (7,50€) ou a bomba de açaí com proteína (8,70€).
Com duas salas distintas, o espaço pretende ser mais do que uma cafetaria. Há vários planos para a sala de dentro, a maior, como poder receber, no futuro, provas de vinhos, apresentações de livros, festas de aniversário ou até a gravação de podcasts, já que João Lemos, genro de Adelino, tem ele próprio um, chamado “De costas para a plateia”, com material profissional necessário para dar essa possibilidade a outras pessoas que precisem de um cantinho para esse fim.
O espaço, onde antes funcionava uma papelaria, foi totalmente renovado e a decoração foi “enobrecida pela presença de obras do Vihls, com quem, no futuro, lançaremos um projeto social. A ideia é apoiar instituições locais”, conta o responsável, sem querer desvendar muito mais. “Acreditamos que os espaços também devem ter uma função social”. Enquanto bebe o seu café poderá, assim, conhecer as cinco serigrafias do artista português, que decoram as paredes do Bib’s Crew.
Se ficou curioso para conhecer o espaço, saiba que pode levar o seu animal de estimação. A sala de entrada é pet friendly. “Queremos ser um sítio onde as pessoas se sentem bem, que seja acolhedor, e por isso tem todo o sentido que possam trazer os seus companheiros quando vêm beber um café”, sublinha Adelino.
No futuro, o Bib’s Cew terá também uma loja online para quem queira comprar os produtos da marca. De seguida, carregue na galeria para ver imagens do espaço.