Tudo começou quando, aos 40 anos, Prithvi Singh, indiano natural do Punjab, decidiu fazer uma viagem pela Europa para conhecer novas realidades. Como sempre sentiu curiosidade sobre a ligação histórica de Portugal à Índia, decidiu fazer do nosso País uma paragem obrigatória no seu roteiro de viagem. Nessa altura, estava longe de imaginar que viria a ter um restaurante.
Singh ficou tão encantado com Lisboa que, pouco depois, já pensava mudar-se. “Vim cá em 2000 e gostei muito da cidade. Achei-a bonita e as pessoas muito simpáticas”, recorda. Quando tomou a decisão de se instalar no nosso País, acabou por escolher o concelho de Oeiras como local de residência. “Assim que terminei a viagem e regressei à Índia, tratei logo do visto. Quando voltei a Portugal vim morar para Paço de Arcos. Não sabia falar português, só o básico, como dizer “esquerda” e “direita”. Andei quatro meses na escola, aprender a língua”, conta à NiO.
Na Índia, Prithvi Singh era agricultor, mas quando percebeu que havia pouca oferta em Paço de Arcos, decidiu abrir um restaurante. “Nós [indianos], somos muito bons a cozinhar, somos profissionais. Percebi que aqui quase não havia sítios com a nossa comida e decidi abrir um espaço autêntico.”
Em 2000, inaugurou o Way to India, que se tornou uma segunda casa para Singh. “Foi muito fácil abrir aqui o restaurante, eram outros tempos. Não tive dificuldade nenhuma, adaptei-me muito bem ao País e às pessoas, apesar das diferenças”, salienta.
O restaurante, que celebra um quarto de século este ano, serve apenas pratos indianos, mas a lista inclui mais de 60 pratos. “Só servimos receitas tradicionais, mas temos um pouco de tudo. O nosso país tem uma cozinha muito extensa, temos muitas coisas diferentes”, explica.
Prithvi Singh é originário do Punjab, estado no noroeste da Índia que faz fronteira com o Paquistão, por isso, as especialidades do restaurante são focadas na comida tradicional dessa região. “Há uma diferença entre a comida indiana tradicional e a comida goesa. A maior parte dos restaurantes indianos em Portugal servem comida de Goa, que acaba por ser diferente, por causa da influência portuguesa”, afirma.
O Way to India conta com dois cozinheiros indianos, que preparam pratos típicos como Murg Tikka Masala (10,95€), um dos mais pedidos; Chicken Tandoori (9,50€), Bhindi Bhaji (9,95€) ou Dal Makhani (8,95€). O tradicional pão naan (2,60€), as chamuças (3,80€ cada) e o Sarapatel de Goa também fazem parte do menu, bem como várias opções vegetarianas.
Apesar da extensa variedade de opções, por vezes, o restaurante também faz serviços personalizados, para dar resposta a pedidos específicos de clientes. “Há pessoas que chegam aqui depois de uma viagem na Índia, mostram-me fotografias de pratos que comeram lá e que gostavam de voltar a comer aqui. Mesmo que seja algo que não está na carta, faço. Acontece muitas vezes”, confessa.
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A maioria dos clientes do Way to India já são habituais, muitos “há mais de 20 anos”. A lista de frequentadores assíduos inclui algumas personalidades bem conhecidas dos portugueses, como o cantor Paulo de Carvalho e o filho, Agir. “Já são praticamente meus amigos”, revela o proprietário.
Singh acredita que o sucesso do seu restaurante se deve à autenticidade da comida. “Sei que é boa, porque é igual a que fazemos no Punjab. Tenho três variedades de arroz basmati, cozinhamos de diferentes formas e temos pratos que só quem já esteve na Índia é que sabe que existem. Acho que é por isso que estou aqui há tanto tempo”, sublinha.
Sempre de sorriso no rosto, 25 anos depois, Singh continua a chegar diariamente ao restaurante para fazer o que mais gosta: servir pratos que o fazem lembrar de casa. Em tempos, antes de existirem serviços de delivery (como a Uber Eats ou Glovo), era ele que fazia as entregas porta a porta aos clientes. E, no final, ouvia sempre a sua palavra em português favorita: “obrigado”.
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