Depois do pudim, agora há bolas de Berlim com recheio de Villa Oeiras em Paço de Arcos

Encontra estes e outros doces no novo Atelier Chef Miguel Oliveira, que abriu no início de julho, no mercado municipal.
Uma tentação.

É um dos produtos mais representativos do concelho de Oeiras: o Villa Oeiras é mesmo apontado como um dos mais importantes vinhos generosos do País. O que talvez não saiba é que pode também servi-lo à mesa, não enquanto digestivo, mas como sobremesa. Parece improvável, mas esse mesmo Villa Oeiras é um dos ingredientes principais dos doces criados por Miguel Oliveira — que agora encontra à venda na nova loja do confeiteiro, em Paço de Arcos. 

A montra do Atelier Chef Miguel Oliveira, que abriu a 6 de julho no mercado municipal, chama a atenção à primeira vista, mas é o aroma que sai do espaço o verdadeiro responsável por atrair os mais gulosos. O atelier está dividido entre a zona de loja e a cozinha de produção, “um verdadeiro laboratório”, como lhe chama, com grandes janelas abertas, onde os clientes podem ver o confeiteiro em ação. 

É ali que faz o famoso Pudim do Marquês, produzido com vinho de Carcavelos (Superior 15 anos), receita criada especialmente a pedido da Câmara Municipal de Oeiras, que se tornou na imagem de marca do projeto. No entanto, a criatividade de Miguel, de 57 anos, guia-o numa busca constante por novos e originais produtos.

Este verão foi lançada uma novidade que tem sido um sucesso junto dos clientes. Falamos das bolas de Berlim com recheio da massa do pudim. Artesanais e super gulosas, nesta época, são uma ótima opção para levar para a praia ou para piqueniques ao ar livre.

“São uma grande aposta. A massa é feita tal como antigamente, de fermentação longa durante a noite, com temperaturas controladas, só usamos o óleo para fritar uma vez. É um trabalho manual que lhe confere um qualidade diferenciadora. Estas bolas nunca poderão ser feitas em escala. Neste momento, só produzimos ao sábado. Saem duas fornadas, de 250 unidades cada, uma às 11h30 e outra às 16h30. São uma excelente âncora para fazer os clientes visitar o espaço”, explica Miguel à NiO. 

Por outro lado, se ficou encarregue de levar a sobremesa no próximo almoço de família, pode escolher, por exemplo, o Pão de Ló do Marquês, também feito com Villa Oeiras, “que lhe dá um toque floral muito característico”, ou uma das diferentes tartes criadas pelo confeiteiro. 

Há sabores tão distintos como o de queijo Brie, o de queijo da Serra, o de queijo de Azeitão, o de Pastel de Nata e o de chocolate do Marquês, outro dos tributos ao vinho de Carcavelos. “Não levam farinha e têm uma quantidade de açúcar residual. São também muito cremosas, porque a cremosidade é o nosso lema. São tartes gulosas e ecléticas, todas com uma grande dose de portugalidade”, refere o chef.

O Pudim Rei clássico e o Pudim do Marquês custam 36€ (um quilo). Vendem-se, ambos, em frascos individuais por 6€. Já o pão de ló do Marquês fica a 16€. A tarte de queijo inteira custa 36€ e a fatia, 5€. Caso queira provar as bolas de Berlim, cada unidade custa 2€. 

O chef na cozinha do Atelier.

Como tudo começou

Natural do Porto, Miguel Oliveira vive em Lisboa há vários anos. Foi na capital que abriu as primeiras lojas, em Campo de Ourique (2018) e na Rua Braamcamp (2022), depois de decidir dedicar-se ao projeto que iniciou em 2014. 

Foi nesse ano que participou n’ “A Mesa dos Portugueses”, um concurso dedicado à gastronomia nacional, com o objetivo de estimular a confecção de pratos feitos com produtos de origem portuguesa. Miguel concorreu com uma versão do famoso pudim Abade de Priscos e venceu na categoria de Doçaria. Chamou Pudim Rei à sua versão do doce e criou um negócio que vivia deste monoproduto. 

O sucesso abriu caminho para novas oportunidades. No final de 2021 foi desafiado pela Câmara Municipal de Oeiras para criar uma versão do pudim com ingredientes locais. “Foi uma maratona de cinco meses até conseguir chegar ao produto final. Quis sentir o ambiente do Palácio do Marquês, dos jardins, e fui para lá uns dias para me inspirar”, contou à NiO na altura em que o Pudim do Marquês foi apresentado, na primavera de 2022. 

Acabou por usar produtos que fazem parte da identidade da região, como o vinho de Carcavelos que garante oferecer ao pudim um sabor diferenciado. “Utilizei também laranjas que se encontram nos jardins do Palácio, azeite de Oeiras, que confere portugalidade, e escamas de sal fumado que representam a ligação ao mar”, revelou. Do pudim faz parte também a canela de Ceilão. 

É esta a fórmula que o torna um “pudim mágico e viciante” com uma “textura aveludada”, como descreve Miguel. Tem a particularidade de ter uma baixa carga de açúcar e ser um pudim fresco, ótimo para servir num almoço de verão. 

O novo atelier 

“Já andávamos a namorar esta zona há muito tempo”, conta Miguel à NiO. Depois de fechar a loja da Rua Braancamp, em Lisboa, a decisão de abrir uma nova no concelho de Oeiras, foi fácil. “A cozinha do espaço anterior era muito pequena. No início, quando fazíamos só o pudim não havia problema. Mas o projeto começou a crescer, foram nascendo mais produtos, fomos aumentando o portfólio e precisávamos de um espaço maior. Além disso, temos muitos clientes desta zona”, conta o chef. 

O facto de utilizar produtos ligados a Oeiras e participar em muitos eventos gastronómicos locais, foram outros dos fatores que pesaram na decisão. “Temos tido muito apoio da Câmara de Oeiras. Convidam-nos para participar em diversos eventos no Palácio do Marquês de Pombal, também estivemos no Há Prova, entre outros. Acredito que a nossa presença aqui é bom para todos e, especialmente, para a comunidade”, acrescenta.

É, aliás, a pensar nos clientes que Miguel está a delinear várias iniciativas para os próximos meses. “Vamos fazer as ‘tertúlias do mercado’ a partir de setembro, aos sábados a tarde. Um dos conceitos é ‘cinco tartes, cinco vinhos’, vamos convidar chefs, críticos gastronómicos e clientes para participar, fazer parings com as tartes e pudins, provas cegas, etc. Queremos dinamizar o espaço, tirar as pessoas dos hipermercados, trazer as pessoas para os centros históricos. Ouvimos relatos dos moradores mais velhos de Este mercado que este mercado, há 40 anos, tinha muita vida, e isso pode voltar”, sublinha. 

Além disso, Miguel quer partilhar o seu know-how na área da confeitaria. “Vamos querer ensinar os oeirenses a fazer o Pudim do Marquês, queremos dar workshops. O receituário se não é passado, morre. Queremos criar um ADN na doçaria e, para isso, temos de transmitir o conhecimento, ensinar os detalhes da produção destes produtos, tudo o que faz diferença para um bom resultado final. Por isso é que temos aqui a cozinha à vista. Quero que as pessoas vejam”, conta à NiO. 

Ao longo dos próximos meses, vai mesmo haver muitas novidades por ali. “Já estou a estudar e ensaiar produtos para o Natal. Não paro. É um trabalho de laboratório mesmo. Nesse aspeto, sou muito obsessivo, adoro fazer essas experiências. Tudo o que virá, será no seguimento dos produtos identitários aqui da região. Temos o Pudim do Marquês em vários restaurantes no norte do País, por exemplo. A história do concelho vai sendo partilhada assim. Queremos projetar esta zona apara o mundo”, conclui. 

Carregue na galeria para conhecer imagens do espaço e de alguns produtos que encontra no Atelier Chef Miguel Oliveira. 

LOCALIZAÇÃO, CONTACTOS E HORÁRIOS

morada
  • Atelier Chef Miguel Oliveira [ver mapa]
    Mercado de Paço de Arcos - Praceta Dionísio Matias 5
    2770 161 Paço de Arcos
    localizações
    Paço de Arcos