Quem passa hoje pelo Largo Leonor Faria Gomes, ao lado da estação de comboios de Paço de Arcos, encontra um parque de estacionamento, uma creche e dois restaurantes, sem imaginar que aquele espaço era, há 40 anos, “praticamente o centro de Paço de Arcos”. Quem o afirma é Inácio Lemos, de 64 anos, gerente do clássico Beira Gare, que ali se instalou em novembro de 1982.
Uma data que foi orgulhosamente colocada na fachada do restaurante, para mostrar que tem várias décadas de história. Há 40 anos com a mesma gerência, que Inácio divide com o sócio e cunhado, José Lopes, de 76 anos (antigo empregado do Mónaco, o restaurante mais famoso da Marginal entre os anos 50 e 80), o Beira Gare foi-se adaptando à mudança dos tempos.
“Em 1982 o nosso forte eram os pequenos-almoços. Abríamos às 6h30, pois todas as camionetas paravam aqui no largo, havia também um quiosque de jornais e as pessoas que iam apanhar o comboio, vinham aqui tomar o pequeno-almoço. Tínhamos um balcão comprido e servíamos muita gente de manhã. Depois fecharam esta entrada da estação, fizeram o túnel subterrâneo e começámos a perder clientela”, conta Inácio à New in Oeiras.
O Beira Gare teve, então, que se reinventar. O café-restaurante passou a apostar mais no conceito de cervejaria, que manteve até 2017, ano em que sofreu a maior mudança desde o ano de abertura. “Fizemos umas grandes obras, remodelámos totalmente o espaço. Acabou a cervejaria, deixámos de vender tabaco e totoloto, acabou o balcão corrido. E tudo isto automaticamente selecionou a clientela. Transformámo-nos num restaurante de classe média e passámos a servir apenas almoços e jantares”, refere o gerente.
Mudou o espaço, o conceito e a oferta para se ir adaptando também às mudanças da zona e às necessidades dos clientes. “Temos clientes fiéis que têm vindo a acompanhar a nossa evolução ao longo dos anos. Alguns vêm até de outros municípios”, conta Inácio, que garante: “Não queremos ter menus, só pratos à carta, para garantir a qualidade da comida e do serviço. Temos poucos pratos, mas bons”.

Atualmente as especialidades passam por pratos típicos portugueses. O mais famoso da casa, “somos os únicos a fazê-lo aqui na zona”, é o choco frito à setubalense, normalmente servido com arroz de feijão (16€). Do menu diário também fazem parte as lulinhas fritas à algarvia (15€), caril de gambas (17€), franguinho da Guia (16€) e bife à Beira Gare (18€).
O restaurante tem também alguns pratos confecionados por encomenda, como o cabrito assado no forno ou caldeirada de peixe, para grupos ou refeições especiais, como aniversários. No verão, não faltam a sardinha assada e outros grelhados de carne e peixe no carvão, assim como uns caracóis (a partir de maio) para petiscar ao final da tarde na esplanada.
Aberto todos os dias da semana, por enquanto, no horário de inverno, o Beira Gare serve sempre almoços, mas apenas os jantares são apenas à sexta-feira e ao sábado. No horário de verão, estará aberto com horário completo.
Se, ao longo dos últimos 40 anos, já visitou o restaurante e gostava de ver como está hoje, pode ir até lá provar as novas especialidades. Se ainda não conhece, não perca a oportunidade de experimentar os pratos típicos e poder dar os parabéns aos responsáveis deste clássico restaurante de Paço de Arcos pela chegada a esta importante data redonda.
De seguida, carregue na galeria para ver algumas fotografias de como era o Beira Gare há uns anos e como está agora, assim como alguns pratos que serve atualmente.